quinta-feira, 24 de março de 2016

PNEUMATOLOGIA – A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO - A NATUREZA E OFÍCIO DO ESPÍRITO SANTO

PNEUMATOLOGIA – A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO

O Espírito Santo é uma das pessoas da Trindade Divina, sendo constituído da mesma essência da divindade e plenamente Deus, como Deus o Pai e Deus o Filho. A palavra espírito tem sua origem no hebraico – RUAH – ou no grego – PNEUMA – de onde vem a palavra pneumatologia, a doutrina do Espírito Santo.
As doutrinas da Trindade e das pessoas da divindade não são passíveis de entendimento racional pela mente do homem finito, mas são claramente reveladas pela Escritura. Por este motivo, é necessário buscar a confirmação bíblica de todas as afirmações referentes ao estudo da doutrina do Espírito Santo, a pneumatologia.
O Pai e o Filho são termos que indicam relacionamento, da mesma forma, o Espírito Santo é assim chamado pela sua natureza e pela sua operação como a causa da regeneração e santificação dos homens. O Filho é a perfeita imagem de Deus, e o Espírito é a operação do poder de Deus.
A natureza e ofício do Espírito:
Natureza: O Espírito não é uma emanação ou manifestação do poder de Deus, mas uma pessoa eterna e coexistente na essência do Deus único da Trindade Divina, ele é infinito, perfeito e santo possuindo todas as qualidades e atributos divinos em posse de sua pessoa, sendo distinto do Pai e do Filho em uma essência única que é o Deus da Escritura.
2 Coríntios 3,17: “Ora, o Senhor é o Espírito; e, onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”.
O Espírito de Deus é referido já no segundo verso da bíblia e em várias partes do Velho Testamento, porém os hebreus consideravam o Espírito como uma emanação de Deus ou como a simples presença ou o poder de Deus. O Espírito não deve ser visto como criado ou simplesmente emanando ou emanado do poder de Deus, mas como uma pessoa divina coeterna e coexistente com Deus. O Espírito pairava sobre o caos, transformando a matéria criada em um universo ordenado conforme a vontade de Deus.
Gênesis 1,2: “A terra, porém, estava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava por sobre as águas”.
Ofício: O Espírito executa no mundo criado as decisões de Deus, sempre procedente do Pai e do Filho. Ele é a fonte de toda a vida, ele habita no crente e provê a preservação de sua salvação, toda a inteligência dos seres vivos, desde a estrutura genética das plantas e animais microscópicos até o mais sofisticado cientista, tem sua fonte única na onipresença e onisciência do Espírito de Deus, a matéria é inanimada e só possui vida, movimento e intelectualidade através do Espírito, sempre provindo do Pai e do Filho.
Salmo 104,29-30: “Se ocultas o rosto, eles se perturbam; se lhes cortas a respiração, morrem e voltam ao seu pó. Envias o teu Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face da terra”.
As operações gerais do Espírito referem-se às obras da criação e providência, pelas quais ele origina, mantém e dirige toda a vida natural, concedendo dons e restringindo o poder do pecado na realização do plano eterno de Deus. As operações especiais do Espírito referem-se à operação da redenção onde ele aplica a obra de Cristo nos escolhidos do Pai, concedendo, unicamente pela graça, os dons da fé, do arrependimento e preservando a salvação, pela sua comunhão permanente, durante toda a vida terrena do crente.
Romanos 8,11: “Se habita em vós o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita”.
Cristo é a luz do mundo, dele emana todo o conhecimento de homens e anjos, salvos ou caídos, mas o Espírito é quem distribui estes dons, sendo a origem e razão da vida intelectual em toda a terra. O Espírito se relaciona com o homem através da mente extracorpórea, entende-se aqui a mente como a alma (espírito), que constitui juntamente com o corpo a unidade psicossomática do homem. O Espírito opera a natureza racional do homem através da alma, esta ação do Espírito é geral para toda a humanidade e não se relaciona com a ação santificadora que exerce nos regenerados para a preservação de sua salvação.
Jó 32,8: “Na verdade, há um espírito no homem, e o sopro do Todo-Poderoso o faz sábio”.
Jó 35,10-11: “Mas ninguém diz: Onde está Deus, que me fez, que inspira canções de louvor durante a noite, que nos ensina mais do que aos animais da terra e nos faz mais sábios do que as aves dos céus?”.
Esta sabedoria referida nestes versos, no livro de Jó, pode ser a sabedoria secular: cientistas, artistas, técnicos e enfim, todas as qualidades intelectuais que fazem o homem sábio em suas atividades no mundo.
O dom artístico e especial também provém do Espírito.
Êxodo 31,2-5: “Eis que chamei pelo nome a Bezalel, filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o enchi do Espírito de Deus, de habilidade, de inteligência e de conhecimento, em todo artifício, para elaborar desenhos e trabalhar em ouro, em prata, em bronze, para lapidação de pedras de engaste, para entalho de madeira, para toda sorte de lavores”.
A habilidade política e administrativa também é concedida pelo Espírito, como se pode ver em Moisés, Josué, nos Juízes, em Gideão e todos os líderes do povo judaico e também de outros povos, como por exemplo: Ciro e Dario.
Números 27,18: “Disse o SENHOR a Moisés: Toma Josué, filho de Num, homem em quem há o Espírito, e impõe-lhe as mãos”.
Ofício do Espírito na redenção do homem:
A encarnação: O corpo de Cristo no ventre da virgem foi gerado pelo poder de Deus através do Espírito Santo.
Lucas 1,35: “Respondeu-lhe o anjo: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e o poder do Altíssimo te envolverá com a sua sombra; por isso, também o ente santo que há de nascer será chamado Filho de Deus”.
A natureza humana de Cristo: Os dons da natureza humana de Cristo foram elevados a um patamar superior ao de todos os homens da história da humanidade através da ação do Espírito.
João 3,34: “Pois o enviado de Deus fala as palavras dele, porque Deus não dá o Espírito por medida”.
O profeta Isaías já profetiza este fato alguns séculos antes:
Isaías 42,1: “Eis aqui o meu servo, a quem sustenho; o meu escolhido, em quem a minha alma se compraz; pus sobre ele o meu Espírito, e ele promulgará o direito para os gentios”.
A revelação: o Espírito é o único revelador da verdade divina, todos os profetas falaram pelo Espírito, todos os escritores bíblicos foram inspirados pelo Espírito e toda a revelação da Palavra aos eleitos de Deus é feita através do Espírito.
Miquéias 3,8: “Eu, porém, estou cheio do poder do Espírito do SENHOR, cheio de juízo e de força, para declarar a Jacó a sua transgressão e a Israel, o seu pecado”.
É preciso lembrar sempre que a ação salvadora e preservadora do Espírito é proveniente da graça de Deus e da redenção adquirida por Cristo, sendo que o Espírito atua procedente do Pai e do Filho, toda a ação da salvação e da revelação da Palavra é obra da Trindade Divina, operada pelo Espírito em pleno consenso dentro da Trindade.
Lucas 11,13: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o Pai celestial dará o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?”.
A verdade de Deus: toda a verdade é revelada pelo Espírito, que transmite este conhecimento aos homens em maior ou menor grau, conforme os dons definidos pela graça de Deus, mas também pode trazer aos reprovados a operação do erro, afim de que não vejam, não ouçam e não sejam salvos. Os réprobos, todavia, não necessitam da operação do erro para que não venham a crer, pois o homem natural não discerne as coisas de Deus e nem pode conhecê-las, pois elas somente se conhecem através do Espírito.
1 Coríntios 2,14: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.
O ofício geral da redenção: todas estas funções do Espírito conduzem a uma atividade particular na redenção do homem que pode ser definida como: transmitir o conhecimento, convencer o mundo do pecado, aplicar o dom da fé em Cristo aos eleitos justificados, regenerar o homem e preservar sua salvação, trazer o arrependimento e a necessidade de mudança de vida, unir os crentes a Cristo e a si mesmos através da igreja.
A restrição do pecado: esta também é uma importante função do Espírito onde ele atua restringindo a possibilidade de homens e anjos caídos realizarem todo o mal que pretendem.
Pode-se ver, desta forma, que o Espírito Santo é o operador de toda a verdade, da santidade, da consolação e preservação dos eleitos e da igreja, assim como o equilíbrio do mundo pela restrição da maldade pretendida pelos réprobos e anjos caídos.
A DOUTRINA DO ESPÍRITO NA IGREJA CRISTÃ
Os cristãos primitivos, até o início do quarto século, acreditavam que havia um Espírito Santo, da mesma natureza do Pai e do Filho, pelo qual eles eram, por meio de Cristo, reconciliados com o Pai. Os crentes confessavam esta fé no ato do batismo e no recebimento da bênção apostólica. Não havia entre os teólogos da época uma definição da pessoa e ofício do Espírito Santo, mas no século terceiro a controvérsia ariana tomou vulto, e o Concílio de Nicéia, em 325 d.C. e logo em seguida o Concílio de Constantinopla, em 381 d.C. foi convocado para definir a doutrina do Espírito Santo.
O Credo Apostólico afirma simplesmente: Creio no Espírito Santo, estas mesmas palavras foram afirmadas no Credo Niceno, mas no Credo de Constantinopla, ficou definida a doutrina do Espírito, com a seguinte forma:
“Creio no Espírito Santo, o divino, o doador de vida, que procede do Pai, o qual deve ser adorado e glorificado com o Pai e com o Filho, e o qual falou pela boca dos profetas”.
O Credo Atanasiano, que veio logo em seguida afirma que:
“O Espírito é consubstancial com o Pai e com o Filho, é eterno e não criado, onipotente, igual em majestade e glória e procede do Pai e do Filho”.
As afirmações do Credo de Constantinopla, complementadas pelo Credo Atanasiano, permanecem até hoje como norma de igreja cristã, sendo todas as variações assumidas pelos arianos, sabelianos, socinianos, arminianos e dispensacionalistas consideradas heréticas e abomináveis a Deus e à igreja de Cristo.
A personalidade do Espírito
A personalidade, ou pessoalidade, do Espírito Santo somente é abordada com clareza no Novo Testamento, mas existem várias afirmações deste fato no Velho Testamento que não foram reveladas aos hebreus como manifestações pessoais, eles consideravam o Espírito como uma emanação do poder de Deus.
Na criação do mundo, de acordo com livro do Gênesis, além do segundo verso, onde o Espírito paira sobre o caos, Deus manifesta claramente a pluralidade de pessoas na sua essência.
Gênesis 1,26: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra”.
Gênesis 11,7: “Vinde, desçamos e confundamos ali a sua linguagem, para que um não entenda a linguagem de outro”.
AS PROFECIAS SOBRE O ESPÍRITO SANTO NO VELHO TESTAMENTO
Existem no Velho Testamento profecias sobre a obra do Espírito Santo e o ministério de Jesus Cristo.
A unção do Espírito:
Isaías 61,1: (*) “O Espírito (RUAH) do SENHOR (YAHWEH) Deus (ADONAI) está sobre mim, porque o SENHOR me ungiu para pregar boas-novas aos quebrantados, enviou-me a curar os quebrantados de coração, a proclamar libertação aos cativos e a pôr em liberdade os algemados”.
(*) Também fica definida, neste verso, a pluralidade de Deus, as três pessoas da divindade são apresentadas de forma distinta e pessoal.
O conhecimento:
Isaías 11,1-2: “Do tronco de Jessé sairá um rebento, e das suas raízes, um renovo. Repousará sobre ele o Espírito do SENHOR, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do SENHOR.
A salvação do povo de Deus:
Isaías 44,3: “Porque derramarei água sobre o sedento e torrentes, sobre a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade e a minha bênção, sobre os teus descendentes”.
A regeneração:
Ezequiel 36,27: “Porei dentro de vós o meu Espírito e farei que andeis nos meus estatutos, guardeis os meus juízos e os observeis”.
O Pentecostes:
O profeta Joel prevê o derramamento do Espírito no dia de Pentecostes.
Joel 2,28-29: “E acontecerá, depois, que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos velhos sonharão, e vossos jovens terão visões; até sobre os servos e sobre as servas derramarei o meu Espírito naqueles dias”.
A PROMESSA DO ESPÍRITO NO NOVO TESTAMENTO
Antes de sua morte, Jesus prometeu que ele e o Pai enviariam a seus discípulos outro consolador, ou paráclito (Parakletos) - o Espírito Santo - um ajudador e conselheiro que daria continuidade à obra de Cristo. O fato de Jesus prometer outro paráclito indica que Jesus foi o primeiro deles e promete outro que irá proceder à aplicação e manutenção de sua obra, em seu nome e como um dom de Deus, infundindo e mantendo no crente justificado a fé e o arrependimento para a vida, necessários à salvação. O ministério do Espírito Santo é um ministério relacional e pessoal, o que implica na pessoalidade do Espírito.
João 14,16-17: “E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não no vê, nem o conhece; vós o conheceis, porque ele habita convosco e estará em vós”.
Após sua ressurreição Jesus coloca o Espírito sobre os apóstolos, afim de que o recebessem, como um dom de Deus, para a realização da obra a eles destinada. Pode-se observar claramente pela Escritura, que os apóstolos somente venceram o seu medo e timidez após a ressurreição. A obra dos apóstolos é a continuação da obra de Jesus, motivo pelo qual ele os envia no poder do Espírito.
João 20,22: “E, havendo dito isto, soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo”.
Os apóstolos não receberam somente a ousadia através do Espírito, mas também foram guiados pela instrução do Espírito em seu ministério.
João 16,13-14: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar”.
O Pentecostes
O dia de Pentecostes é o dia da comemoração da colheita, era uma data festiva comemorada pelos judeus cinquenta dias após a páscoa, sendo uma festa importante no calendário judaico. Este foi o dia em que os primeiros cristãos receberam o Espírito publicamente, como demonstração do poder de Deus, falando em línguas diversas que eram entendidas pelos judeus de diversas localidades que haviam vindo a Jerusalém para a festa.  Este foi um milagre de Deus, e, como todo o milagre, teve uma finalidade específica e determinada, demonstrando aos presentes o poder de Deus em Cristo através do Espírito para a salvação daquele que crê, tanto gentios como judeus.
Pode-se notar claramente nos versos abaixo, no livro de Atos, que as línguas faladas neste dia eram perfeitamente inteligíveis às pessoas presentes, tratando-se de línguas utilizadas usualmente em diversos outros países e regiões, línguas oficiais e reconhecidas pelos visitantes presentes como linguagem corrente em seus países de origem. Não se pode utilizar estes versos para justificar o falar em línguas que se vê hoje nas igrejas pentecostais, que não passam de grunhidos e sons grotescos e ininteligíveis, constituindo nada mais que superstição grosseira que desonra a igreja de Cristo.
Atos 2,4-6: “Todos ficaram cheios do Espírito Santo e passaram a falar em outras línguas, segundo o Espírito lhes concedia que falassem. Ora, estavam habitando em Jerusalém judeus, homens piedosos, vindos de todas as nações debaixo do céu. Quando, pois, se fez ouvir aquela voz, afluiu a multidão, que se possuiu de perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria língua”.
João Batista profetizou que Jesus batizaria com o Espírito, este fato havia sido previsto no Velho Testamento pelo profeta Joel e Jesus tinha repetido a promessa. O Pentecostes selou de forma definitiva o final da era do Velho Testamento e marcou o início do cristianismo. A partir do derramamento do Espírito no Pentecostes, o desenvolvimento do ministério cristão recebeu um avivamento formidável que o levou a todos os povos do mundo conhecido naquela época.
Colossences 1,6: “Que chegou até vós; como também, em todo o mundo, está produzindo fruto e crescendo, tal acontece entre vós, desde o dia em que ouvistes e entendestes a graça de Deus na verdade”.

Fonte:http://www.vivendopelapalavra.com/

0 comentários:

Postar um comentário