A pessoalidade do Espírito
Santo:
O
Espírito Santo é descrito na Escritura como uma pessoa, tanto quanto o Pai ou o
Filho. A negação da pessoalidade ou divindade do Espírito se constitui em
heresia grave, pois nega a Trindade Divina e como consequência todo
cristianismo. Por outro lado, existe hoje na igreja evangélica grande abuso no
relacionamento com o Espírito nas religiões pentecostais e carismáticas.
É
necessário muito cuidado com as referências e relações com o Espírito, não é
possível ter muito ou pouco de um ser infinito, também não é possível a um ser
onipresente estar em um lugar e não estar em outro, também não é possível a um
ser onipotente estar em algum lugar com muito poder e em outro com menor poder,
não se deve esquecer que o Espírito é Deus e usar o seu nome em vão é desobedecer
aos mandamentos divinos, principalmente ao terceiro, que é o único mandamento
que vem com advertência.
Êxodo
20,7: “Não tomarás o
nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que
tomar o seu nome em vão”.
Nenhuma
igreja ou denominação detém o poder de manipular o Espírito pretendendo fazer
uso de seu poder em batismos, curas ou qualquer outra atividade, o batismo é em
o nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo e não no Espírito.
João
3,8: “O vento sopra
onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é
todo o que é nascido do Espírito”.
Provas
bíblicas da pessoalidade do Espírito Santo:
O
Espírito Santo Fala:
Atos
8,29: “Então, disse o
Espírito a Filipe: Aproxima-te desse carro e acompanha-o”.
O
Espírito Santo ensina:
João
14,26: “Mas o
Consolador, o Espírito Santo, a quem o Pai enviará em meu nome, esse vos
ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”.
O
Espírito Santo busca:
1
Coríntios 2,10: “Mas
Deus no-lo revelou pelo Espírito; porque o Espírito a todas as coisas
perscruta, até mesmo as profundezas de Deus”.
O
Espírito Santo testemunha:
João
15,26: “Quando, porém,
vier o Consolador, que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade,
que dele procede, esse dará testemunho de mim”.
O
Espírito Santo determina:
1
Coríntios 12,11: “Mas
um só e o mesmo Espírito realiza todas estas coisas, distribuindo-as, como lhe
apraz, a cada um, individualmente”.
O
Espírito Santo intercede:
Romanos
8,27: “E aquele que sonda
os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é
que ele intercede pelos santos”.
O
Espírito Santo se aborrece:
Efésios
4,30: “E não
entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da
redenção”.
Estas afirmações
somente podem ser dirigidas a um ser pessoal.
A
divindade do Espírito Santo
O
Espírito Santo é representado na Escritura como possuindo a autoridade e os
atributos divinos, os Pais da Igreja nunca apresentaram dúvidas quanto à
divindade do Espírito e também concordam com o fato de que ele é uma pessoa.
No
velho testamento as realizações de Deus e do Espírito são usadas frequentemente
de forma intercambiável.
Salmo
51,11: “Não me repulses
da tua presença, nem me retires o teu Santo Espírito”.
Salmo
104,30: “Envias o teu
Espírito, eles são criados, e, assim, renovas a face da terra”.
A
bênção apostólica:
2
Coríntios 13,14: “A
graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo
sejam com todos vós”.
A
fórmula batismal:
Mateus
28,19: “Ide, portanto,
fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e
do Espírito Santo”.
O
Espírito Santo é eterno:
Hebreus
9,14: “Muito mais o
sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem mácula
a Deus, purificará a nossa consciência de obras mortas, para servirmos ao Deus
vivo!”
O
Espírito Santo é Onipresente:
Salmo
139,7: “Para onde me
ausentarei do teu Espírito? Para onde fugirei da tua face?”
Deixar
de reconhecer a divindade do Espírito Santo é perverter e deturpar a doutrina
da Trindade, perdendo-se assim o conhecimento do verdadeiro Deus. Não há
serviço ou louvor verdadeiro quando o Deus da Escritura não é cultuado: o Deus
da Trindade Divina.
Oséias
6,6: “Pois misericórdia
quero, e não sacrifício, e o conhecimento de Deus, mais do que holocaustos”.
As
obras de Deus são realizadas pelo Espírito:
Criação:
Jó
33,4: “O Espírito de
Deus me fez, e o sopro do Todo-Poderoso me dá vida”.
Encarnação:
Mateus
1,18: “Ora, o
nascimento de Jesus Cristo foi assim: estando Maria, sua mãe, desposada com
José, sem que tivessem antes coabitado, achou-se grávida pelo Espírito Santo
(*)”.
(*) Pelo poder de Deus, através do
Espírito Santo.
Regeneração:
João
3,5: “Respondeu Jesus:
Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode
entrar no reino de Deus”.
A nova
vida:
Romanos
8,11: “Se habita em vós
o Espírito daquele que ressuscitou a Jesus dentre os mortos, esse mesmo que
ressuscitou a Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo
mortal, por meio do seu Espírito, que em vós habita”.
As
profecias:
2 Pedro
1,21: “Porque nunca
jamais qualquer profecia foi dada por vontade humana; entretanto, homens santos
falaram da parte de Deus, movidos pelo Espírito Santo”.
Vê-se
ainda que no livro de Isaías, onde ele apresenta o SENHOR dos exércitos
falando, o apóstolo Paulo reapresenta estes mesmos versos no livro de Atos como
o Espírito assumindo esta fala;
Isaías
6,5-9: “Então, disse
eu: ai de mim! Estou perdido! Porque sou homem de lábios impuros, habito no
meio de um povo de impuros lábios, e os meus olhos viram o Rei, o SENHOR dos
Exércitos! Então, um dos serafins voou para mim, trazendo na mão uma brasa
viva, que tirara do altar com uma tenaz; com a brasa tocou a minha boca e
disse: Eis que ela tocou os teus lábios; a tua iniqüidade foi tirada, e
perdoado, o teu pecado. Depois disto, ouvi a voz do Senhor, que dizia: A
quem enviarei, e quem há de ir por nós? Disse eu: eis-me aqui, envia-me a mim.
Então, disse ele: Vai e dize a este povo: Ouvi, ouvi e não entendais; vede,
vede, mas não percebais”.
Atos
28,25-26: “E, havendo
discordância entre eles, despediram-se, dizendo Paulo estas palavras: Bem falou
o Espírito Santo a vossos pais, por intermédio do profeta Isaías, quando disse:
Vai a este povo e dize-lhe: De ouvido, ouvireis e não entendereis; vendo,
vereis e não percebereis”.
Novamente
em Isaías, onde Deus foi contristado, o Espírito foi contristado e se tornou em
inimigo pelejando contra eles.
Isaías
63,7-10: “Celebrarei as
benignidades do SENHOR e os seus atos gloriosos, segundo tudo o que o SENHOR
nos concedeu e segundo a grande bondade para com a casa de Israel, bondade que
usou para com eles, segundo as suas misericórdias e segundo a multidão das suas
benignidades. Porque ele dizia: Certamente, eles são meu povo, filhos que não
mentirão; e se lhes tornou o seu Salvador. Em toda a angústia deles, foi ele
angustiado, e o Anjo da sua presença os salvou; pelo seu amor e pela sua
compaixão, ele os remiu, os tomou e os conduziu todos os dias da antiguidade.
Mas eles foram rebeldes e contristaram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes
tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles”.
PECADOS
CONTRA O ESPÍRITO SANTO
A maior
prova da divindade do Espírito Santo é o pecado imperdoável conforme afirmado
por Jesus quando confrontado pelos fariseus quanto à realização dos milagres em
seu ministério. Os fariseus atribuíram os milagres de Jesus, executados através
do Espírito Santo, a espíritos vulgares - a Belzebu, o chefe dos demônios -
desprezando e blasfemando contra a ação do Espírito, o que provocou a reação de
Jesus, afirmando que esta blasfêmia jamais seria perdoada neste mundo nem no
mundo do provir. Esta é uma revelação inconteste da dignidade absoluta do
Espírito.
A
blasfêmia contra o Espírito santo:
Mateus
12, 31-32: “Por isso,
vos declaro: todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a
blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém proferir alguma
palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar
contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no
porvir”.
O
Espírito Santo tem o ministério de atuar na vida dos crentes, aplicando e
preservando a salvação adquirida por Cristo.
A
perseverança do crente somente é possível pela ação do Espírito, o homem
natural, ou mesmo o regenerado, não tem capacidade, por si mesmo, para manter
sua salvação. O Espírito também atua nos homens ímpios e nos anjos caídos,
mantendo-os sempre voltados para o mau, mas exercendo a função de restrição do
pecado, de forma que estes homens e anjos nunca conseguem executar todo o mal
que pretendem. Ele habita nos crentes e também defende o crente das operações
dos ímpios e do maligno, Satanás não está autorizado a tocar nos filhos de
Deus.
Jó
1,12: “Disse o SENHOR a
Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está em teu poder; somente contra ele não
estendas a mão. E Satanás saiu da presença do SENHOR”.
Por
tudo que já foi dito, pode-se afirmar que o Espírito é uma pessoa e sua atuação
é pessoal, por isso, são revelados na bíblia, alguns pecados contra o Espírito.
Mentir
ao Espírito é mentir a Deus:
Atos
5,3-4: “Então, disse
Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao
Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura,
não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no
coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus”.
Entristecer
o Espírito:
Efésios
4,30: “E não entristeçais o
Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção”.
Resistir
ao Espírito:
Atos
7,51: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós
sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o
fazeis”.
O
pecado contra o Espírito é gravíssimo, como afirmou Jesus, todavia, não se deve
esquecer que as pessoas que assim o fazem foram destinadas a isso na
eternidade, os ímpios existem para que a glória de Deus se manifeste na
salvação dos eleitos, e continuam praticando o mal para que se encha a medida
de sua iniquidade.
Gênesis
15,16: “Na quarta
geração, tornarão para aqui; porque não se encheu ainda a medida da iniquidade
dos amorreus”.
Mateus
23,32: “Enchei vós, pois, a
medida de vossos pais”.
PRINCIPAIS HERESIAS RELACIONADAS AO ESPÍRITO SANTO
Movimentos principais: A personalidade e/ou divindade do Espírito Santo foi negada na igreja primitiva pelos monarquistas sabelianos, pelos pneumatomaquianos, arianistas e outros.
Monarquismo: A divindade e pessoalidade do Espírito Santo foram negadas por Sabellius no terceiro século desta era e deu origem ao movimento chamado monarquismo. Sabellius sustentava que não existiam três pessoas na deidade, mas um só Deus que se manifestava em três formas diferentes (modalismo).
Arianismo: O bispo Árius, da igreja de Alexandria, também no terceiro século, sustentava que Cristo foi criado por Deus como um deus de menor poder, que por sua vez trouxe à existência o Espírito Santo. Dessa forma existiam três deuses diferentes (triteísmo).
Pneumatomaquianos: Também chamados macedônios, em referência ao bispo Macedônio, opunham-se à divindade do Espírito Santo, isto foi no final do século IV.
Socinianos: Durante a reforma, os socinianos, baseados nas idéias de Lélio Socínio, propagadas por seu sobrinho Fausto Socínio, consideram que em Deus há uma única pessoa e que Jesus Cristo é um homem comum.
Unitarianismo (Os irmãos que negam a trindade): O unitarianismo foi inicialmente uma manifestação dentro da reforma protestante, o intelectual espanhol Miguel de Servetto discordou da doutrina da Trindade e publicou vários livros a este respeito dando início às primeiras igrejas unitárias, os anabatistas. Este unitarismo pode se manifestar como uma forma de modalismo, ou seja, Deus é um só que se manifesta de várias formas ao longo da história, ou ainda pode também considerar Deus como uma só pessoa que é o pai de Jesus, um homem que foi elevado à divindade no seu batismo, ou ainda uma forma de arianismo. Esta vertende existe até hoje e não há uma definição única em sua manifestação.
O testemunho Interior do Espírito Santo
A Escritura revela por si mesma a prova inquestionável de sua autoridade divina, além disso, apresenta muitos sinais desta autoridade, todavia todas essas provas e evidências não são por si mesmas suficientes para persuadir qualquer pessoa de sua veracidade. Este convencimento e persuasão somente acontecem pelo testemunho interior do Espírito Santo, este era o ensino claro dos reformistas, principalmente João Calvino.
Existe uma grande diferença entre apresentar as provas e persuadir a pessoa, é preciso sempre, expor a Palavra com veracidade, paciência e conhecimento, mas, ainda assim, o ministério do ensino pertence ao testemunho interior do Espírito Santo, que atua unicamente mediante a pregação expositiva fiel das verdades bíblicas, abrindo a mente e o coração do homem para o entendimento e aceitação da Palavra.
Por este motivo, nenhum pregador tem, por si mesmo, a capacidade de conversão de seus ouvintes a não ser pelo ministério do Espírito.
Romanos 8,16: “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”.
Esta persuasão do Espírito não se manifesta em atos exteriores, nem apresenta sinais evidentes da persuasão ou conversão, como por exemplo: falar em línguas ou entrar em êxtase. Muito menos é possível que uma pessoa, seja ela quem for, possa induzir, por sua vontade, algum ato do Espírito.
João 3,8: “O vento sopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes donde vem, nem para onde vai; assim é todo o que é nascido do Espírito”.
A ação do Espírito é interna e pessoal, não se constitui em apresentação de novas informações, nenhum segredo, nada que não seja possível pela simples leitura ou pregação. Ele simplesmente age através da Palavra em conjunção com a graça de Deus e a redenção que há em Jesus Cristo, operando a regeneração que segue à justificação. Somente a pessoa justificada por Deus consegue entender as coisas do Espírito, antes disso a mente humana somente é capaz de pensar e agir em discordância e revolta deliberada contra Deus.
1 Coríntios 2,14: “Ora, o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, porque lhe são loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente”.
Iluminação
A iluminação da pessoa destinada à salvação é um ministério do Espírito Santo, ela faz parte da graça concedida por Deus e começa no ato da justificação, despertando o interesse do crente pela Escritura, a curiosidade a respeito de Jesus Cristo, a compreensão progressiva da Palavra, a necessidade de se congregar com outros crentes e o serviço na obra de Deus.
A iluminação do Espírito se manifesta unicamente pela aceitação absoluta das verdades da Escritura - a soberania de Deus, a suficiência do sacrifício de Cristo e a total incapacidade humana - sem este entendimento, a iluminação do Espírito certamente não aconteceu, é isto exatamente o que diz Jesus.
João 16,13: “Quando vier, porém, o Espírito da verdade, ele vos guiará a toda a verdade; porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que hão de vir”.
Existe, de fato, bastante radicalismo nisso; deve-se culpar a Jesus? Ele diz que o Espírito guia a“TODA A VERDADE”. Não é uma aceitação parcial da Escritura, não é uma salvação a ser complementada, não é uma salvação a ser aceita ou rejeitada; todas essas coisas não provêm do Espírito, mas do ego humano.
O Espírito certamente guiará os filhos de Deus a “TODA A VERDADE”; ou então, o homem, ainda natural, acreditando em seus próprios méritos, engana-se a si mesmo em uma religiosidade vazia e desprovida de sentido que não leva à salvação de forma alguma, mas à hipocrisia, ao engano e à mentira.
Romanos 3,3-4: “E daí? Se alguns não creram, a incredulidade deles virá desfazer a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma! Seja Deus verdadeiro, e mentiroso, todo homem, segundo está escrito: Para seres justificado nas tuas palavras e venhas a vencer quando fores julgado”.