sábado, 6 de setembro de 2014

O REI E A CAMISA




  O REI E A CAMISA

Certa vez um rei adoeceu gravemente. À medida que o tempo passava seu estado de saúde piorava.Os médicos e os sábios tentaram de tudo, mas nada parecia funcionar. Estavam a ponto de perder as esperanças quando a velha criada gritou:

– Eu lhes mostrarei como salvar o rei. Se vocês puderem encontrar um homem feliz, tirar-lhe a camisa e vesti-la no rei, ele se recuperará.

Então o rei enviou seus mensageiros. Eles cavalgaram por todos os cantos do reino e não encontraram um homem feliz. Ninguém estava satisfeito; todos tinham uma queixa.

– Aquele alfaiate estúpido! – ouviram um homem rico dizer. – Fez as calças muito curtas! E a propósito, a comida está péssima! Este cozinheiro não consegue fazer nada direito?

– O que há de errado com os nossos filhos? – resmungou o moleiro para a esposa. – Eles nunca fazem o que mandamos! Não ensinam boas maneiras na escola? E fazem tanto barulho! Mande-os brincar lá fora.

– Meu teto esta vazando – reclamou o artesão. – Isto não pode acontecer! O governo não pode fazer alguma coisa?

Os mensageiros do rei não ouviram nada além de queixas e lamentações, aonde quer que fossem. Se um homem era rico, não tinha o bastante; se não era rico, era culpa de alguém. Se era saudável, havia uma sogra indesejável em sua vida. Se tinha uma boa sogra, a gripe o estava acometendo. Todos tinham algo do que reclamar.

Finalmente uma noite o próprio filho do rei, ao passar por uma cabana ouviu alguém dizer:

– Obrigado Senhor! Concluí meu trabalho diário e ajudei o meu semelhante. Comi meu alimento, e agora posso deitar-me e dormir em paz. O que mais poderia eu desejar?

O príncipe exultou por ter, afinal, encontrado um homem feliz. Mandou que levassem a camisa do homem ao rei e pagassem o quanto pedisse.

Mas quando os mensageiros do rei foram à cabana despir a camisa do homem feliz, descobriram que ele era pobre demais e sequer possuía uma camisa.


“A pureza de coração é inseparável da simplicidade e da humildade”.

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