segunda-feira, 1 de setembro de 2014

LIÇÃO 10 – O PERIGO DA BUSCA PELA AUTORREALIZAÇÃO HUMANA - 3º TRIM. 2014



LIÇÃO 10 – O PERIGO DA BUSCA PELA AUTORREALIZAÇÃO HUMANA - 3º TRIM. 2014
(Tg 4.1-10)

INTRODUÇÃO
  Nesta lição veremos que a busca pela autorrealização humana é nociva apenas quando é vista como um fim em si
mesma. Em Tiago 4.1-10 encontramos o apóstolo ensinando que aquilo que pedimos a Deus pode não ser concedido se as
nossas  motivações  forem  equivocadas.  Tiago  exorta  ainda  que  os  cristãos  não  deveriam  estar  em  conflitos  uns  com  o
outros; e, por fim, ele lembra que aqueles que decidiram seguir a Cristo devem se desligar completamente do mundo, pois
o Senhor exige exclusividade.
   
I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA AUTORREALIZAÇÃO
  O  Aurélio  diz  que  a  palavra  realizar  significa: “alcançar  seu  objetivo  ou  ideal” (FERREIRA,  2004,  p.  1190).
Logo,  a “autorrealização” pode  ser  definida  como “ato  ou  efeito  de realizar  a  si  próprio”.  “A  realização  profissional,
pessoal e o desejo de uma melhor qualidade de vida são anseios legítimos do ser humano. Entretanto, o problema existe
quando esse anseio torna-se uma obsessão, um desejo cego, colocando o Senhor nosso Deus à margem da vida para eleger
um ídolo: o sonho pessoal” (SILVA, 2014, p. 71).  Em Tiago 4.3 vemos o apóstolo fazer a seguinte exortação: “Pedis, e
não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”. O referido versículo expressa a busca desenfreada
e  nociva  das  pessoas  pela  autorrealização  material.  “A  ideia  central  é  que  eles  (os  cristãos)  desejavam  a  abastança
financeira, a fim de se ocuparem mais diligentemente na busca pelos prazeres” (CHAMPLIN, 2005, p. 63).

1.1 Ser cristão significa priorizar a busca pelas coisas espirituais. Faz parte dos ensinamentos tanto do AT quanto do
NT  o  incentivo  a  prioridade  pelas  coisas  espirituais  (Is  55.1-3;  Ag  1.2-8;  Mt  6.33;  Cl  3.1-3).  O  Aurélio  diz  que
“prioridade” significa: “qualidade  duma  coisa  que  é  posta  em  primeiro  lugar,  numa  série  ou  ordem” (FERREIRA,
2004,  p.  557).  No  texto  de  Mt  6.19-24,  Jesus  fala  da  inutilidade  de  se  esforçar  DEMASIADAMENTE  para  ajuntar
tesouros  nesta  vida,  pois  aqui,  a  traça  e  a  ferrugem  podem  consumir,  e  o  ladrão,  pode  roubar.  Ainda  nesta  passagem,  o
Senhor diz que as riquezas podem dividir o coração do crente, de forma que ele venha a ter dois senhores, a saber: Deus e
as riquezas. Isso é pecado de idolatria (Cl 3.5; Ef 5.5).

1.2 Ser cristão não é viver à parte da realização material, mas buscá-la com equilíbrio. Ser um crente espiritual não
significa  viver  alheio  as  realizações  terrenas.  A  Bíblia  nos  ensina  a  buscarmos  as  coisas  materiais  com  moderação                
(Pv  30.7-9;  Rm  12.16;  I  Tm  6.8).  O  Aurélio  diz  que  “equilibrar”  figuradamente  significa:  “moderação,  prudência,
comedimento; autocontrole, autodomínio” (FERREIRA, 2004, p. 777). Temos vários exemplos bíblicos de homens que de  forma  comedida  usufruíram  de  prestígio  social  e  riquezas;  e,  ao  mesmo  tempo,  conservaram  a  sua  fé.  Eis  alguns:
Abraão (Gn 13.2; Tg 2.23); Jó (Jó 1.1-3; 20-22); Daniel (Dn 1.17-21; 2.48); dentre outros (I Cr 29.1-3; II Cr 17.5; 32.27).

II – O PROBLEMA DOS CONFLITOS
  Em sua epístola, Tiago tratou de diversos problemas entre os cristãos, inclusive a discriminação na igreja (Tg 2.1-
12) e o uso indisciplinado da língua (Tg 3.1-18). Agora, volta a atenção para as “guerras e contendas que há entre vós”
(Tg 4.1). Pelas palavras, o apóstolo deixa claro que havia divisões e disputas carnais entre os crentes. Ele nos fala sobre
três tipos de conflitos que estavam acontecendo no seio da igreja. Vejamos cada um deles detalhadamente:

2.1  Conflitos  pessoais  (Tg  4.1).  Tiago  nos  mostra  que  a  fonte  dos  conflitos  exteriores  surgem  de  dentro  do  próprio
homem   (Tg   4.1-b).   Veja   também   (Mt   15.18,19;   Mc   7.20-23;   Gl   5.20).   “A  palavra  “prazeres”  não   significa
necessariamente  paixão  sensual;  nesse  caso,  é  apenas  cobiça.  A  cobiça  está  em  operação  nos  membros  do  corpo  e
estimula a carne e gera problemas” (WIERSBE, 2008, p. 765).!A carne é a natureza caída, isto é, as paixões, os desejos e
apetites desordenados que nela residem (I Co 10.13; Tg 1.14,15; Gl 5.16-21). Paulo exorta-nos a entregar os membros de
nosso corpo ao Espírito Santo, a fim de não cumprimos os desejos da carne (Rm 6; Gl 5.16-26; Ef 4.22-30).

2.2  Conflitos  interpessoais  (Tg  4.1,2).  “As  causas  das  guerras  e  contendas  não  são  meramente  econômicas  ou
intelectuais,  mas  morais.  Como  não  havia  nenhuma  guerra  civil  nessa  época,  Tiago  parece  considerar  principalmente  a
ideia  de  “brigas  pessoais  e  ações  judiciais,  rivalidades  e  facções  sociais  e  controvérsias  religiosas”  (BRUCE,  2009,  p.
2157). Em Tiago 4.1 a expressão “guerra” no grego “polemos” refere-se a “querelas e rixas”, enquanto “contendas”  no
grego “machai”  traduz-se como “conflitos e batalhas”. O apóstolo tinha em mente não as guerras entre as nações mas as  discussões  e  divisões  entre  os  próprios  cristãos.  A  Bíblia  exorta-nos  a  viver  em  comunhão,  unidade  e  diante  de
possíveis questões e desentendimentos praticar o perdão (Sl 133; II Co 13.11; Ef 4.2; Fp 2.1-4; Cl 3.13).

2.3 Conflitos espirituais (Tg 4.4). Tiago deseja chocar os leitores quando os chama de infiéis, termo que também pode
ser  traduzido  por  “adúlteros”.  É  bom  dizer  que  “a  infidelidade  em  questão  é  caracterizada  pela  amizade  do  mundo
baseada em seus desejos e prazeres. Tiago condena tal transigência e fingimento. É impossível servir a Deus e aos desejos
do mundo, pois não se pode ser ao mesmo tempo amigo e inimigo de Deus. É preciso escolher” (TOKUMBOH, p. 1553,
2010).    Nesse  caso,  o  conflito  não  era  pessoal,  nem  interpessoal,  mas  espiritual,  pois  alguns  daqueles  cristãos,  viviam
indecisos  sobre  a  quem  deveriam  servir.  Todavia,  o  apóstolo  diz  que  Deus  não  aceita  dividir  o  nosso  coração  com  o
mundo, pois Ele nos quer exclusivamente para si (Tg 4.5; I Pe 2.9).

III – A POSTURA DO CRISTÃO EM RELAÇÃO AO MUNDO
  “Adúlteros  e  adúlteras,  não  sabeis  vós  que  a  amizade  do  mundo  é  inimizade  contra  Deus?”  (Tg  4.4).  O
apóstolo  não faz  referência  aqui  ao  adultério  físico,  mas  sim  ao  espiritual.  Todo  o  conceito  está  baseado  na  ideia  do
Antigo Testamento que apresenta ao Senhor como o marido de Israel e a Israel como a esposa do Senhor. Esta figura é
comum em todo o Antigo Testamento (Is 54.5; Jr 3.1-5; Ez 23; Os 1-2). Neste mesmo sentido espiritual o Novo Testamento
fala  de “geração  má  e  adúltera” (Mt  12.39;  16.4;  Mc  8.38).  Esta  figura  foi  introduzida  no  pensamento  cristão  com  o
conceito da Igreja como esposa de Cristo (II Co 11.2; Ef 5.24-28; Ap 19.7; 21.9). “Esta forma de expressão pode ofender
a sensibilidade contemporânea, mas a figura de Israel como esposa de Deus, e da Igreja como esposa de Cristo têm em si
mesmo algo de precioso. Significa que desobedecer a Deus é como quebrantar os votos do matrimônio” (MOODY, sd, p.
118 – acréscimo nosso). A Bíblia diz qual deve ser o comportamento do cristão em relação ao mundo:
 POSTURA DO CRISTÃO  REFERÊNCIAS 

Não ganhar o mundo às custas da alma  Mt 4.8-10; Mt 16.26  
Não ser do mundo  Jo 15.19; 17.14,16 
Ser crucificado para o mundo  Gl 5.24; 6.14 
Brilhar como a luz no mundo  MT 5.13-16; Fp 2.15 
Negar os desejos mundanos e viver justamente  Tt 2.12; Tg 1.27 
Não ser amigo do mundo  Tg 4.4 
Escapar da poluição e corrupção do mundo  II Pe 1.4; 2.20 
Não amar o mundo nem as coisas que há nele  I Jo 2.15-17 
Ser como Cristo no mundo  I Jo 4.17 
Vencer o mundo com a fé  I Jo 5.4-5 
Não se conformar com o mundo  Rm 12.1,2 
IV –  QUE ATITUDES DEVEMOS TOMAR PARA VENCER O DIABO, O MUNDO E A CARNE 

4.1 “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tg 4.7). A ordem do verbo “sujeitai-vos”  exige 
uma  ação  passiva,  a  qual  implica  alinhar-se  sob  a  autoridade  de  alguém.  A  única  maneira  eficaz  de  resistirmos  às 
artimanhas  do  Diabo,  assim  como  aos  desejos  e paixões  da  nossa  própria  carne,  é nos  rendendo  incondicionalmente  ao 
Senhor, em plena devoção (Mt 4.10; 1Pe 5.8,9). 
4.2 “Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós” (Tg 4.8-a). Esta ordem indica uma ação ativa dos crentes (Is 55.6). Esta 
atitude resulta numa reciprocidade de Deus “ele se chegará a vós”. Confira também (Jr 29.13,14; 33.3; Mt 6.6).  
4.3 “Purificai os corações” (Tg 4.8-c). A purificação espiritual ocorre no ato da salvação (At 15.9; Tt 2.14) e, por isso, 
exige de todo cristão uma purificação pessoal, prática e constante (Lv 20.7; Js 3.5; II Co 7.1; I Ts 4.3; Hb 12.14).   
4.4  “Humilhai-vos perante  o  Senhor,  e  ele  vos  exaltará”  (Tg  4.10). Jesus  dignificou  a  humildade  nos  seus  ensinos              
(Mt 18.4; Fp 2.5-11). Tiago e Pedro afirmam que o resultado da humilhação presente é a exaltação futura (I Pe 5.6).  

CONCLUSÃO  
  Como  pudemos  ver,  ser  cristão  na  perspectiva  de  Tiago  significa  priorizar  as  coisas  espirituais;  não  estar  em 
conflito com os irmãos; e, desvencilhar-se completamente do mundo para servir somente a Cristo, pois é assim que Ele 
requer. 
REFERÊNCIAS
•  STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.  CPAD. 
•  CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS. 
•  ADEYEMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.

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