COMENTÁRIO INTRODUÇÃO Cercas para a Tentação A tentação é uma realidade bem presente na vida de cada ser humano! Não há ninguém que não esteja sujeito à tentação. Numa linguagem mais popular, podemos dizer que ainda não foi inventada uma vacina para a tentação! Todos são tentados, desde os mais jovens até os mais velhos. Até mesmo, JESUS, o Homem Perfeito, também foi tentado. Há algum tempo lembro ter lido uma história que aconteceu com David Du Plessis (1905-1987), pioneiro pentecostal sul-africano. Após sair exausto de uma Conferência, onde ministrou para milhares de pessoas, um jovem aparentando ter 18 anos de idade o procurou. Ainda ofegante, o jovem lhe perguntou: “Irmão Du Plessis, o que o senhor faz para não ter problemas com a tentação?” Du Plessis franziu a testa enrugada pelo peso de seus quase 80 anos e respondeu: “quando eu tiver idade para não ter problemas com a tentação, eu lhe procuro para informar”. Mesmo já velho, Du Plessis demonstrou que continuava sujeito à tentação! José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de JESUS, o Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 47-49. Resumo do capítulo. O primeiro desafio de JESUS é claramente coordenado pelo ESPÍRITO SANTO que o conduz a uma área deserta para jejuar. Em seguida, permite que o enfraquecido Salvador seja testado por Satanás. A vitória de CRISTO demonstra o tema de Lucas. JESUS é um ser humano ideal, diferentemente de Adão e Eva, que caíram (4.1-13). RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo.Editora CPAD. pag. 655. Esta seção mostra JESUS como o Filho de DEUS derrotando Satanás num combate aberto. Nenhuma discussão ou tentação poderia amedrontar ao Senhor JESUS. Esta tentação por parte de Satanás também revela que, embora JESUS fosse humano e estivesse sujeito às tentações humanas, Ele era perfeito porque venceu todas as tentações que Satanás lhe apresentou. A história da tentação de JESUS é uma importante demonstração do seu poder e da ausência de pecado em sua vida. Ele enfrentou a tentação e não desistiu. Os seus seguidores devem confiar nele quando enfrentarem tentações que irão colocar à prova a sua fidelidade a DEUS. Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 340. Vimos como na vida de JESUS existiram certos grandes marcos, e este é um deles. No templo, quando tinha doze anos tomou consciência de que DEUS era seu pai em uma maneira única. Sua hora tinha chegado com o surgimento de João e a aprovação de DEUS tinha chegado durante seu batismo. De modo que neste momento JESUS estava para começar sua campanha. Antes de fazer tal coisa, qualquer pessoa deve escolher os métodos que vai usar. O relato da tentação mostra JESUS escolhendo uma vez por todas os métodos que se propunha utilizar para ganhar homens para DEUS. Mostra JESUS rechaçando o caminho do poder e a glória e aceitando o do sofrimento na cruz. BARCLAY. William. Comentário Bíblico. LUCAS. pag. 38. I - A REALIDADE DA TENTAÇÃO 1- UMA REALIDADE HUMANA. Tentado e Testado A palavra grega peirasmos (Lc 4.2), dependendo do contexto, pode significar “tentação” (προσπαθώ - Lê-se prustraufão) ou “prova” (απόδειξη - lê-se apóviquici). Quando usada em um contexto onde DEUS está por trás da ação, então nesse caso o crente está sendo provado. Por outro lado, quando é o Diabo quem está induzindo ao mal, então o crente está sendo tentado. Em palavras mais simples, DEUS prova-nos e o Diabo nos tenta. DEUS testa-nos para aperfeiçoar-nos enquanto o Diabo nos tenta para nos derrubar. Aqui em Lucas 4.1-3, assim como Gênesis 22, onde a Septuaginta usa a mesma raiz grega de peirasmos, JESUS é enviado pelo ESPÍRITO ao deserto para ser testado. E nessa mesma ocasião que recebe a visita do Diabo para ser tentado. José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de JESUS, o Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 50. A tentação (4.2). As palavras gregas peirazo (απόδειξη - lê-se apóviquici) e peiras mossãa (δίκη - Lê-se leiquim) igualmente traduzidas por “prova” e “julgamento” bem como por “tentar” e “tentação” (προσπαθώ - Lê-se prustraufão). O que há de comum é a situação que nos coloca sob grande pressão. O texto em Tiago 1 é especialmente útil para nos ajudar a tratar essas situações, ao nos lembrar que DEUS jamais tenta as pessoas, no sentido de induzi-las ao mal (Tg 1.13). DEUS, contudo, nos prova da mesma maneira que permitiu que Satanás o fizesse com JESUS, a fim de demonstrar a nós e a todos que podemos vencer pela sua força. Adão e Eva falharam no teste. Por meio de CRISTO você e eu somos vitoriosos. RICHARDS. Lawrence O. Guia do Leitor da Bíblia. Uma análise de Gênesis a Apocalipse capítulo por capítulo.Editora CPAD. pag. 655. A Possibilidade da Tentação Como era possível que o JESUS sem pecado fosse tentado? Em nossa tentativa de responder a essa pergunta devemos antes de mais nada observar que o que foi tentado foi sua natureza humana. JESUS não só era DEUS; ele era também homem. Além do mais, sua alma não era dura como uma pederneira nem fria como um bloco de gelo. Era uma alma plenamente humana, profundamente sensível, afetada e comovida pelos sofrimentos de todo gênero. Foi CRISTO quem disse: “Tenho um batismo com o qual hei de ser batizado; e como me angustio até que o veja concretizado” (Lc 12.50). JESUS foi capaz de expressar carinho (Mt 19.13, 14), compaixão (Mt 23.37; Jo 11.35), piedade (Mt 12.32), ira (Mt 17.17), gratidão (Mt 11.25) e profundo anseio pela salvação dos pecadores (Mt 11.28; 23.37; Lc 15; 19.10; Jo 7.37) para a glória do Pai (Jo 17.1-5). Sendo não só DEUS mas também homem, ele sabia o que era estar cansado (Jo 4.6) e sedento (4.7; 19.28). Portanto, realmente não deveria surpreender-nos que, depois de um jejum de quarenta dias, ele sentisse muita fome, e que a proposta de converter pedras em pães se constituía numa tentação bem real para ele, tanto mais sabendo que estava revestido do poder para fazer milagres! Não obstante, não deixa de ser verdade que a possibilidade e realidade da tentação de CRISTO vai além de nossa compreensão. Mas não é esse um fato em relação a cada doutrina? O que sabemos realmente sobre nós mesmos, sobre nossa alma e a interação que existe entre alma e corpo? Pouco, aliás, bem pouco! Como poderíamos, pois, penetrar nas profundezas da alma de CRISTO e analisá-la suficientemente a fim de fornecer uma explicação psicológica absolutamente satisfatória de suas tentações? HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Lucas I. Editora Cultura Cristã. pag. 315-316. «...tentado...» JESUS Poderia Ter Caído Em Pecado ? 1. Se respondermos a essa pergunta do ponto de vista da sua divindade (com comentários em Heb. 1:3), teremos de responder com um «não». 2. Se respondermos do ponto de vista de sua humanidade, teremos de afirmar que as tentações e provas por que passou JESUS foram reais, e que, como homem, poderia ter incorrido em pecado, embora sua elevadíssima espiritualidade não lhe permitisse fazê-lo. Por conseguinte, temos aqui um «paradoxo», não havendo como solucionar adequadamente a questão. Homens igualmente piedosos, têm assumido um ou outro lado do problema. 3. Nessa controvérsia, contudo, não percamos de vista a mensagem do versículo à nossa frente. JESUS, como homem, exibia elevadíssima espiritualidade. Suas qualidades espirituais não eram automáticas, mas resultavam de uma luta muito intensa, através da vitória sobre o pecado, diante do qual, jamais cedeu. Entrementes, ele desenvolveu elevadas virtudes morais positivas. (Ver Gál. 5:22,23, quanto a essas virtudes). Assim sendo, JESUS foi o Pioneiro do caminho, tendo-nos mostrado, como devemos desenvolvermos espiritualmente, através da dedicação absoluta. JESUS possuía nosso tipo de natureza, juntamente com as suas fraquezas. Não obstante, triunfou! O que é dito aqui é sem-par no N. T., dando-nos uma visão mais clara sobre a natureza humana de CRISTO, pelo menos em alguns particulares. Até mesmo a tentação de CRISTO, nos evangelhos sinópticos (ver Mat. 4:1-11 e seus paralelos) tem o propósito polêmico de mostrar que nada podia tirar JESUS de seu «propósito messiânico», o que significa que ele era mais poderoso que o próprio Satanás. Aqui, porém, sua vitória sobre a tentação visa mostrar o que a natureza humana pode fazer e como ela deve ser, quando devidamente impelida pelo ESPÍRITO SANTO. Suas tentações têm por fito mostrar-nos que ele se identificou totalmente conosco, sem qualquer limitação. Ele era humano tal e qual somos humanos; não possuía alguma natureza humana diferente, como a do homem «antes da queda». (Ver Rom. 8:3). Ele foi enviado «na semelhança de carne pecaminosa», isto é, compartilhou da mesma natureza dos homens, a qual fora debilitada e degradada pelo pecado, embora ele mesmo não tivesse qualquer pecado pessoal. Contudo, ele compartilhou do «desastre da natureza humana», que resulta do pecado. «...sem pecado...» Há várias declarações neotestamentárias sobre a impecabilidade de JESUS. (Ver Atos 3:14; o trecho de II Cor. 5:21 mostra outra dessas afirmações). JESUS mostrou que a natureza humana não precisa do pecado como um de seus elementos. A verdadeira natureza humana é impecável. A natureza humana pervertida é que peca. Daí resulta a necessidade de redenção. A impecabilidade de CRISTO qualificou-o preeminentemente para o sumo sacerdócio, pois ele, diferentemente de outros, não precisa oferecer sacrifício por si mesmo. Todo seu labor pode ser assim devotado a seus irmãos. Assim, mediante o sacrifício de si mesmo, ele eliminou o pecado para sempre (ver Heb. 9:26), livrando os filhos de DEUS de sua manopla e dando-lhes um lugar de acesso a DEUS Pai. E da «segunda vez» em que ele aparecer (na parousia), não haverá mais necessidade de cuidar da questão do pecado. Portanto, ele aparecerá «à parte do pecado», e isso «para a salvação», com o propósito de levar à fruição a salvação de seus irmãos (ver Heb. 9:28). A impecabilidade de CRISTO, pois, deve significar mais do que a rejeição de atos pecaminosos; ele nunca favoreceu à atitude do pecado; não pecou em seus desejos e em seus motivos, muito menos em suas ações. Ele mesmo deixou claro que o pecado reside nos desejos e motivos dos homens, e não apenas em atos pecaminosos (ver Mat. 5:27 e ss.). Gloriando-nos nas debilidades. Newell (in loc.) relata-nos acerca de um amigo seu que sofria de muitas debilidades físicas que ameaçavam o bem-estar de sua própria alma. Seu senso de fraqueza era tão profundo que o avassalava, de tal modo que sentiu que perdera até mesmo o contacto com DEUS. Mas foi encorajado, por meio do trecho de I I Cor. 12:9,10, a «gloriar-se» nessas debilidades, para extrair delas alguma forma de glória a DEUS, transformando-as em pontos fortes. Isso lhe emprestou uma nova dimensão na vida. JESUS também conhecia bem essas coisas; mas triunfou. Mostrou-nos que é possível a vitória espiritual, em meio às nossas condições humanas, que são tão adversas. «Em sua vida terrena ele teve um admirável discernimento sobre os homens, uma estranha sensibilidade para com as necessidades humanas ao seu derredor. Segundo diz o autor do quarto evangelho, JESUS «...não precisava de que alguém lhe desse testemunho a respeito do homem, porque ele mesmo sabia o que era a natureza humana» (João 2:25). Ele suportou todos os testes, mas «sem pecado». Não se pode duvidar que nenhum homem, em toda a história, tem sido sujeito a tão cuidadoso e crítico escrutínio como o homem JESUS. Os homens têm sondado sua vida e palavras, mas seu desafio continua de pé: ‘Quem dentre vós me convence de pecado!’ (João 8:46)». (Cotton, in loc.). «O escritor deseja eliminar a fantasia comum que havia alguma peculiaridade em JESUS que fazia suas tentações inteiramente diversas das nossas, como se fosse um campeão vestido de cota de malhas que servia de alvo de flechas de brinquedo. Pelo contrário, ele sentiu, em sua própria consciência, a dificuldade de alguém ser justo neste mundo; ele sentiu sobre si mesmo a pressão das razões e atrações que inclinam os homens ao pecado, para que escapem do sofrimento e da morte». (Dods, in loc.). «Isso serve de real base de encorajamento, pois a melhor ajuda é aquela conferida por aqueles que se mantêm firmes onde falham os, tendo enfrentado o início da tentação sem ceder à mesma. A referência especial é às tentações que levam à apostasia ou à desobediência à vontade de DEUS». (Moffatt, in loc.). Notemos que o autor sagrado afirmou em seu tratado, de modo absoluto, tanto a divindade como a humanidade de CRISTO. Ele não tentou qualquer reconciliação entre os dois conceitos, e nem quis mostrar como ambas as naturezas podem ter residido na mesma personalidade ao mesmo tempo. O que sabemos é que ambas as naturezas são importantes para nós, pois ambas as naturezas foram postas à nossa disposição. Com temor e tremor podemos chegar perante DEUS, mas CRISTO está presente para tornar possível nosso acesso a ele. CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 5. pag. 522-523. Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas (15). Literalmente, JESUS pode “sentir as nossas debilidades” (Mueller). A palavra fraquezas (astheneiais - αδυναμίες - Lê-se avidâmeés) tem uma conotação moral em Hebreus (cf. 5.2) e significa não apenas fraqueza física ou uma limitação humana, mas uma fraqueza consciente e instável na tentação. Nosso Senhor também nos entende nesta fraqueza, porque, como nós, em tudo foi tentado. Visto que foi tentado como nós, Ele sabe por experiência o que significa para nós ser tentado. Ele não foi tentado em todas as particularidades ou em cada situação possível; e.g., Ele não foi tentado como marido, ou pai, ou dono de uma propriedade, ou empregador, ou soldado, porque não exerceu nenhuma dessas funções. Mas Ele foi tentado em três áreas básicas da suscetibilidade humana: corpo, alma e espírito. JESUS conhecia a tentação no campo do apetite do corpo, no campo dos relacionamentos humanos e no campo dos relacionamentos espirituais. Eu — os outros — DEUS: Ele foi tentado nestes três pontos. O que deveria governá-lo? Seu desejo por pão? Seu desejo por aceitação? Seu desejo por poder? Ou sua lealdade a DEUS? Estas são perguntas fundamentais da vida que cada pessoa deve responder. Certamente, nestes aspectos básicos as tentações do Senhor eram exatamente iguais (kath homoioteta) às nossas. Mas sem pecado. Embora seja perfeitamente verdadeiro que JESUS não enfrentou a tentação com a desvantagem do pecado original, esta não é a ideia aqui. O que o autor de Hebreus ressalta neste texto é que JESUS não cedeu uma única vez à tentação. Ele foi perfeitamente triunfante. Se não fosse tentado como nós, não poderia compreender os nossos sentimentos em nossas muitas tentações; por outro lado, se não tivesse sido perfeitamente vitorioso, não poderia ajudar-nos, mas necessitaria Ele próprio de ajuda. Parece que estava claro na mente do autor a tentação peculiar que estes cristãos hebreus estavam enfrentando. Eles foram tentados a voltar atrás, e desta forma, falhar em entrar no seu repouso prometido. JESUS também teve sua experiência de deserto — em certo sentido, seu Cades-Barnéia — e, portanto, sabia o que estavam passando. Ele entende o deserto do ataque satânico que segue a primeira emoção gloriosa da fé. Por isso, eles não devem permitir que a ideia de voltar atrás ocupe a mente, nem devem ficar envergonhados ou ceder à paralisia do desespero. Richard S. Taylor. Comentário Bíblico Beacon. Hebreus. Editora CPAD. Vol. 10. pag. 48-49. 2- VENCENDO A TENTAÇÃO. Obs.: Ev. Luiz Henrique - O ESPÍRITO SANTO capacitou JESUS para vencer as tentações no deserto. Na Esfera do ESPÍRITO O papel do ESPÍRITO SANTO, como Lucas faz em outros lugares, também recebe destaque especial no evento da Tentação. Roger Stronstad comenta que cada um dos evangelistas sinóticos conecta a tentação de JESUS com sua recepção do ESPÍRITO SANTO. Depois do seu batismo o ESPÍRITO SANTO leva (Mt 4.1, Lc 4.1) ou impulsiona (Mc 1.12) JESUS a ir ao deserto para um período de provas com o Diabo. O termo grego peirasthenai, exprime uma conseqüência ou resultado e não uma ideia final, como se acha traduzida. Portanto, a tradução deve ser esta: ‘A seguir, foi JESUS levado pelo ESPÍRITO ao deserto de modo que foi tentado pelo Diabo’. Numa tradução livre a ideia é: e como consequência lá foi tentado pelo Diabo, exprimindo assim uma conseqüência ou resultado”. Por outro lado, destaca Stronstad “somente Lucas qualifica JESUS de ‘cheio do ESPÍRITO SANTO’ (Lc 4.1). Em seu comentário sobre o Evangelho de Lucas, Alfred Plummer observa que se havia dotado a JESUS com o poder sobrenatural; e foi tentado a usá-lo para promover seus próprios interesses sem considerar a vontade do Pai... Foi ao deserto de acordo com o impulso do ESPÍRITO. O que foi testado ali foi o propósito divino a fim de prepará-lo para sua tarefa. JESUS e a Tentação Há um longo debate teológico em torno da Tentação de JESUS há muito discutido nos meios acadêmicos. A opinião dos teólogos, mesmos os mais conservadores, não são unânimes sobre esse assunto. A questão diz respeito à realidade ou não da Tentação de JESUS. A Tentação foi ou não real? JESUS poderia ceder ou não à Tentação? As respostas a essas perguntas não são consensuais entre os estudiosos, porque em última análise se referem à pecabilidade ou impecabilidade do Redentor! Não há, portanto, resposta fácil para esse assunto. Até mesmo os teólogos cuja erudição e conservadorismo são inquestionáveis reconhecem esse fato. Como diz Millard J. Erickson: “Aqui nos defrontamos com um dos grandes mistérios da fé”. A Tentação de JESUS foi real. Verificamos que a prova pela qual JESUS passou serve de modelo e parâmetro para todos os cristãos em todos os tempos. William Barclay comenta: “Vimos que havia certos marcos na vida de JESUS, e aqui temos outro dos mais importantes. No tempo quando tinha doze anos, havia chegado à convicção de que DEUS era seu Pai de maneira única e exclusiva. Com o surgimento de João Batista, veio a hora de JESUS em seu batismo receber a aprovação de DEUS. Nesta ocasião JESUS está a ponto de iniciar sua campanha. Antes de iniciar uma campanha, se há de escolher os métodos. A passagem da Tentação nos apresenta JESUS elegendo, de forma definitiva, o método com o qual se proporia ganhar os homens para DEUS. Vemos JESUS rejeitando o caminho do poder e da glória, e aceitando o caminho do sofrimento e da cruz”. José Gonçalves. Lucas, O Evangelho de JESUS, o Homem Perfeito. Editora CPAD. pag. 50-52. JESUS era o ultimo Adão, revelado como a semente da mulher; sendo assim, de acordo com a promessa, aquele que pisou na cabeça da serpente, frustrando e derrotando o diabo em todas as suas tentações, que por uma única tentação havia frustrado e derrotado o nosso primeiro pai. Portanto, no início da guerra, JESUS fez represálias a ele, e venceu aquele que no passado havia sido o vencedor. Nesta história da tentação de CRISTO, observe: I Como Ele foi preparado e equipado para ela. Aquele que permitiu a tribulação proveu aquilo de que o Senhor JESUS precisava para vencer; porque embora não saibamos que exercícios possam estar diante de nós, nem para que encontros podemos estar reservados, CRISTO sabia, e teve aquilo que era necessário; e DEUS faz o mesmo por nós, e esperamos dele tudo o que nos é necessário. 1. Ele estava cheio do ESPÍRITO SANTO, que havia descido sobre Ele como uma pomba. O Senhor JESUS tinha agora medidas maiores de dons, graças e consolações do ESPÍRITO SANTO do que antes. Note que aqueles que estão cheios do ESPÍRITO SANTO é que estão bem armados contra as tentações mais fortes. 2. Ele havia retornado do Jordão recentemente, onde foi batizado, e reconhecido por uma voz do céu como sendo o Filho Amado de DEUS; e assim Ele foi preparado para este combate. Note que quando tivermos a mais consoladora comunhão com DEUS, e as descobertas mais claras de seu favor a nós, podemos esperar que Satanás nos ataque (o navio mais rico é o prêmio do pirata), e que DEUS permitirá que ele faça isso, para que o poder de sua graça possa ser manifestado e exaltado. 3. Ele foi levado pelo ESPÍRITO ao deserto, pelo ESPÍRITO bom, que o conduziu como um campeão para o campo, para lutar contra o inimigo que Ele certamente iria derrotar. O fato de ser levado ao deserto: (1) Deu alguma vantagem ao tentador; porque ali ele o teve sozinho, sem a companhia de amigos, por cujas orações e conselhos o Senhor JESUS poderia ser ajudado na hora da tentação. Ai daquele que está sozinho! Ele poderia dar vantagem a Satanás, pois conhecia a sua própria força; mas nós não podemos, pois conhecemos a nossa própria fraqueza. (2) Ele ganhou alguma vantagem para si durante este jejum de quarenta dias no deserto. Podemos supor que o Senhor estava totalmente concentrado em sua própria consagração, e em consideração à sua tarefa, e à obra que Ele tinha diante de si; que Ele passou todo o seu tempo em uma conversa imediata e íntima com o seu Pai, como Moisés no monte, sem qualquer desvio, distração, ou interrupção. (3) De todos os dias da vida de CRISTO na carne, estes parecem ter se aproximado mais da perfeição da vida angelical e da vida celestial, e isto o preparou para os ataques de Satanás. Aqui o Senhor JESUS foi fortalecido contra eles. (4) Ele continuou jejuando (v. 2): E naqueles dias não comeu coisa alguma. Este jejum foi totalmente miraculoso, como o jejum de Moisés e de Elias, e o revela, como a eles, um profeta enviado por DEUS. É provável que este episódio tenha ocorrido no deserto de Horebe, o mesmo deserto no qual Moisés e Elias jejuaram. Assim como ao se retirar para o deserto, Ele se mostrou perfeitamente indiferente ao mundo, por seu jejum Ele se mostrou perfeitamente indiferente ao corpo; e Satanás não pode dominar facilmente aqueles que se desprendem e morrem para o mundo e para a carne. Quanto mais mantivermos a nossa carne em sujeição, menos vantagens Satanás terá contra nós. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa.Editora CPAD. pag. 545-546. A intenção de DEUS é que JESUS fosse tentado pelo diabo (mostrando a nós que todo ser humano é tentado e que para assumir um projeto de DEUS, primeiro temos que provar que estamos aptos para este - Observação de Ev. Henrique). Portanto, o próprio DEUS está por trás desse episódio da tentação no deserto (Cf. Lc 22.31s; 1Co 10.13). E, com base no AT, a pessoa “tentada” sempre é o devoto e justo, e não o ímpio. Cf., por exemplo, Abraão (Gn 22), José, Jó, etc. O objetivo da tentação é a aprovação e o aprofundamento da fé, e não pôr em risco ou até mesmo destruir a fé. (cf. José na casa de Potifar – [Gn 39]). Por essa razão também Tiago escreve: “Ninguém, ao ser tentado, diga: Sou tentado por DEUS; porque DEUS não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta” (Tg 1.13). – E, já que é assim e não pode ser de outra forma, o cristão sempre precisa alegrar-se quando é conduzido para diversas tentações (cf. Tg 1.2). – Por isso a prece por tais provações também é encontrada diversas vezes no saltério. Leia Sl 26.2; 139.23s; Jr 20.12 (veja também a brochura do mesmo autor “Warum all das Leid e Übel in der Welt?” [Por que todo esse sofrimento e maldade no mundo?]). Por isso a prece a DEUS na oração do Pai Nosso: “Não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal” [Mt 6.13], só pode ser interpretada da seguinte forma: “Protege-me do mal, para que ele me não engane – mas, ó DEUS, concede-me a vitória quando o inimigo me aflige, me tortura ou me amedronta.” Satanás entra pessoalmente no campo de batalha, de uma forma como jamais se manifestara anteriormente. Durante estes quarenta dias, o príncipe das trevas deve ter investido com toda a sua milícia contra o Senhor JESUS. Satanás sabia o que estava em jogo (cf. Comentário Esperança, Mateus, p. 66, e Marcos, p. 60). Se alguém perguntasse: “Será que encontrar-se realmente com o diabo já é um fato condenável e pecaminoso?”, caberia responder-lhe duas coisas: A história da tentação do Senhor JESUS pode ser chamada de arrasadora revelação da existência do poder e das leis do reino das trevas. A existência do reino daquele que é pessoalmente mau não é revelada pelo santo DEUS. Ele revela-se em fatos como a tentação de JESUS. A história da tentação mostra que o diabo é um espírito maligno, um inimigo de DEUS. O diabo conhece a JESUS e por isso o odeia. O diabo conhece a Escritura e por isso a odeia. Ele a odeia e distorce. Distorcer e seduzir é seu contexto, mentir é seu ofício. É estranho como longos períodos de desenvolvimento do reino de DEUS são repetidamente acompanhados de uma reação mais intensa do reino das trevas. – No começo da história da humanidade o pai da mentira se mostra em forma de serpente. Quando Israel está para tornar-se o povo eleito de DEUS, ele imita os milagres de Moisés por intermédio de mágicos egípcios. Quando o Filho de DEUS aparece na carne, ele multiplica o número dos possessos e tenta fazê-lo tropeçar pessoalmente. E quando percebe a aproximação da última etapa do reino de DEUS, age com fúria, por “pouco tempo” (Ap 20.3). As tentações que o Senhor JESUS teve de superar aqui no deserto eram muito mais graves que as dos primeiros seres humanos. Eles encontravam-se no esplêndido paraíso, eram visitados por DEUS e não sabiam nada a respeito das terríveis tribulações e dos assédios de Satanás. JESUS estava no inóspito deserto, onde havia apenas areia e pedras. Foi ininterruptamente perseguido pelo diabo durante quarenta dias e noites. Era imensa a tensão em seu íntimo, de modo que ele se esqueceu de beber e comer por quarenta dias. Provavelmente, após o decurso destes quarenta dias, JESUS tenha ficado mortalmente debilitado, e foi esse momento que o tentador aproveitou para a última e decisiva investida. Fritz Rienecker. Comentário Esperança Evangelho de Lucas. Editora Evangélica Esperança. JESUS precisava vencer Satanás mesmo, o chefe dos demônios, para ter autoridade sobre todos os demônios que se apresentariam diante Dele em seu ministério, dali para frente. Veja que os demônios tinham medo de JESUS, pois Ele venceu o chefe deles - JESUS em sua humanidade, passou 30 anos lendo a bíblia, jejuando, orando e se preparando para exercer seu ministério e suportar os sofrimentos pelos quais iria passar em nossos favor, nós também temos que ter um preparo para assumirmos nosso ministério - Observação do Ev. Luiz Henrique). A expressão foi tentado descreve uma ação contínua; JESUS foi tentado constantemente durante os quarenta dias. O ESPÍRITO levou JESUS ao deserto onde DEUS pôs JESUS à prova - não para ver se JESUS estava pronto, mas para mostrar que Ele estava preparado para a sua missão. Satanás, no entanto, tinha outros planos; ele esperava distorcer a missão de JESUS tentando-o para fazer o mal. Por que era necessário que JESUS fosse tentado? A tentação faz parte da experiência humana. Para que JESUS fosse completamente humano, Ele tinha que enfrentar a tentação (veja Hb 4.15). JESUS tinha de desfazer o que Adão tinha feito. Adão, embora criado perfeito, cedeu à tentação, e assim o pecado entrou na raça humana. JESUS, o segundo Adão, por outro lado, resistiu a Satanás. A sua vitória oferece a salvação aos descendentes de Adão (veja Rm 5.12-19). Durante estes quarenta dias, JESUS não comeu coisa alguma, de modo que ao final Ele teve fome. A condição de JESUS como Filho de DEUS não tornava o seu jejum mais fácil; o seu corpo físico sofria a fome severa e a dor de estar sem alimento. As três tentações registradas aqui ocorreram quando JESUS estava na sua condição física mais enfraquecida (é quando a carne está fraca que o Espírito se torna forte - Observação do Ev. Henrique). Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 341. Adão caiu porque não recebeu a unção do ESPÍRITO SANTO, não recebeu a ajuda direta do Mesmo ESPÍRITO, não tem registro na bíblia de Adão recebendo o ESPÍRITO SANTO como JESUS ou os crentes. O segundo Adão, apesar de ter se preparado no estudo da Palavra de DEUS, na oração e no jejum, precisava ser cheio do ESPÍRITO SANTO para vencer a luta que o primeiro Adão perdeu, não existe como vencer Satanás sem o ESPÍRITO SANTO que tem o maior poder que existe sobre a face da Terra ou em qualquer parte, como na esfera do cosmos ou da superior, a espiritual. JESUS não teve, literalmente, as mesmas tentações que nós (não existia drogas, cigarros, cervejas, ele não era político, etc...), mas recebeu as tentações nas mesmas áreas que nós - Corpo, Alma e Espírito. Concupiscência dos olhos, da carne e soberba da vida. Portanto, foi tentado da mesma forma que nós somos, nas mesma áreas que nós. - Observações do Ev. Henrique). II - A TENTAÇÃO DE SER SACIADO. 1- A SUTILEZA DA TENTAÇÃO. Note a expressão: Está escrito, não só aqui no versículo 4, mas também nos versículos 8 e 10, todas as vezes com referência ao mesmo livro, Deuteronômio, que, como é evidente, JESUS considerava não uma “fraude piedosa”, mas a própria Palavra de DEUS. Outras passagens que expressam a elevada opinião que JESUS nutria pelas Escrituras são Lucas 24.25-27, 44-47; João 5.33; e 10.35. As Escrituras do Antigo Testamento, segundo ele mesmo as interpretava, evidentemente eram para ele o critério da verdade final para a vida e a doutrina, o tribunal último de apelação para a razão. A primeira citação é oriunda de Deuteronômio 8.3. Descreve Moisés lembrando Israel dos temos cuidados de DEUS durante os quarenta anos de peregrinação pelo deserto. Em particular, mostra como o Senhor os alimentara com maná, algo completamente desconhecido até então a eles e a seus pais, com o intuito de ensinar-lhes “que nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca do Senhor”. Portanto, o que JESUS tenciona dizer poderia ser parafraseado assim: “Tentador, você está laborando sobre falsa premissa de que o pão é absolutamente necessário para que um ser humano sacie sua fome e se mantenha vivo. Ante essa equivocada idéia, eu afirmo agora que não é o pão, mas o poder criador, vivificador e sustentador de meu Pai, a única fonte indispensável para a vida e o bem-estar tanto do homem e quanto meus”. Não obstante, Lucas omite a última parte de Deuteronômio 8.3: “mas de toda palavra que procede” etc. Mateus 4.4 contém essas palavras. Lucas com freqüência omite material, provavelmente para dar, em seu Evangelho, espaço suficiente a outros temas. Essa resposta ao conselho de Satanás por parte de JESUS foi uma expressão de confiança filial ao cuidado do Pai. Sem dúvida, aquele que providenciara o maná quando não havia pão, e que bem recentemente dissera: “Tu és o meu Filho, o Amado”, não falharia a seu amado nesta hora de provação. HENDRIKSEN. William. Comentário do Novo Testamento. Lucas II. Editora Cultura Cristã. pag. 320-321. (Se DEUS alimentou 3 milhões de pessoas com um alimento sobrenatural, se trouxe cordonises de toda parte para alimentá-los, se com cinco pães e dois peixinhos DEUS alimenta uma multidão, imagine por quantos anos um servo seu seria alimentado sem nenhum esforço de algum trabalho secular! - Observação do Ev. Henrique) O Senhor JESUS respondeu utilizando as Escrituras (v. 4): Está escrito. Esta é a primeira palavra registrada como sendo falada por CRISTO depois da instalação de seu ofício profético; e é uma citação do Antigo Testamento, para mostrar que Ele veio para declarar e manter a autoridade das Escrituras como algo que não se pode controlar; Satanás não é capaz de controlá-la. E embora o Senhor JESUS tivesse o ESPÍRITO sem medida, e tivesse uma doutrina própria para pregar e uma religião para fundar, ela estava de acordo com Moisés e os profetas. O Senhor JESUS estabelece os escritos destes homens como uma regra para si mesmo, e nos recomenda que os tenhamos como uma resposta a Satanás e às suas tentações. A Palavra de DEUS é a nossa espada, e a fé nesta preciosa Palavra é o nosso escudo; devemos, portanto, ser poderosos nas Escrituras, e seguirmos nesta força, avançarmos, e continuarmos na nossa batalha espiritual, conhecendo o que está escrito, porque ela é para o nosso aprendizado, para o nosso uso. O texto das Escrituras que o Senhor JESUS menciona é Deuteronômio 8.3. Em outras palavras: “O homem não viverá só de pão. Eu não preciso transformar as pedras em pão, porque DEUS Pai pode enviar o maná para o meu sustento, assim como Ele fez por Israel; o homem pode viver de toda Palavra de DEUS, e ser alimentado por aquilo que Ele determinar”. Como é que CRISTO pode ter vivido confortavelmente durante estes últimos quarenta dias? Não pelo pão, mas pela Palavra de DEUS, pela meditação sobre esta Palavra, e pela comunhão com ela, e com DEUS nela e por ela; e de uma maneira que Ele ainda pudesse viver, embora agora Ele começasse a ter fome. DEUS tem muitas maneiras de sustentar o seu povo, sem os meios comuns de subsistência. Portanto, não se deve em nenhuma circunstância perder a confiança nele, mas em todo o tempo devemos depender dele, no caminho da obediência. Se faltar o alimento, DEUS pode tirar o apetite, ou dar graus de paciência que permitam que um homem ria da assolação e da fome (Jó 5.22). O Senhor também pode tornar os legumes e a água mais nutritivos do que toda a porção do manjar do rei (Dn 1.12,13), permitindo que o seu povo se alegre nele, mesmo que a figueira não floresça, Habacuque 3.17. Uma crente vigorosa disse que fez das promessas a sua refeição nas ocasiões em que sofreu a escassez de alimentos. HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa.Editora CPAD. pag. 547. 2- GRATIFICAÇÃO PESSOAL.
Tentações pelas quais JESUS passou (Ev. Luiz Henrique) | |
Promessas de Satanás | Recompensas de DEUS para quem vence as tentações |
"Se tu és o Filho de DEUS, dize a esta pedra que se transforme em pão." (Lc 4.3b). | Então o diabo o deixou; e, eis que chegaram os anjos, e o serviam. (Mt 4.11) - Comida de DEUS melhor. |
"E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero." (Lc 4.6). | E, chegando-se Jesus, falou-lhes, dizendo: É-me dado todo o poder no céu e na terra. (Mateus 28:18). Todo poder eterno é melhor que poder temporal. |
"Se tu és o Filho de DEUS, lança-te daqui abaixo, 10 - porque está escrito: Mandará aos seus anjos, acerca de ti, que te guardem." (Lc 4.9). | "Não está aqui, mas ressuscitou" (Lc 24.6). Livrar de uma queda é inferior a livrar da morte. |