quinta-feira, 31 de julho de 2014

LIÇÃO 5- O CUIDADO AO FALAR E A RELIGIÃO PURA- SUBSÍDIO EBD









LIÇàO 05 – O CUIDADO AO FALAR E A RELIGIÃO PURA - 3º TRIMESTRE 2014  


(Tg 1.19-27) 



INTRODUÇÃO 


  Estudaremos  nesta  lição  o  ensino  do  apóstolo  Tiago  sobre  os  perigos  da  falta  de  controle  no  uso  da  língua;  veremos 
também  que  devemos  ter  o  máximo  de  cuidado  com  nosso  temperamento  para  não  dar  ocasião  ao  diabo  inflamar  uma  ira 
excessiva  em  nosso  coração;  e  por  fim,  concluiremos  analisando  que  a  verdadeira  religião  consiste  não  só  em  palavras,  mais 
também em ação fraternal.      



I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA LÍNGUA 


  A língua é um órgão do corpo humano, cuja função principal  está  relacionada  a  fala.  É  em  face  dessa  atribuição  que 
esse  membro  do  corpo  aparece  na  Bíblia  como  uma  poderosa  força. Afirma-se  que  a  morte  e  a  vida  estão  no  seu  poder  (Pv 
18.21). Tiago elabora isso quando se refere à língua como indomável e um mal incontido, cheio de veneno mortal (Tg 3.8) e 
como  fogo,  um  mundo  de  iniquidade  (Tg  3.6).  Paulo,  por  sua  vez,  refere-se  à  língua  como  um  instrumento  de  engano  (Rm 
3.13), caracterizando o homem não regenerado. Jesus ensinou que os homens terão de prestar contas, finalmente, de sua vida na 
terra, incluindo “toda palavra frívola que proferirem” (Mt. 12.36). (MERRILL, sd, Vol. 3. p. 933).         



II – ANALISANDO O TEXTO DE TIAGO:  O CUIDADO AO FALAR 


  A sabedoria nem sempre consiste em ter algo a dizer. Ela envolve o ouvir cuidadosamente, o refletir piedosamente, e o 
falar  mansamente,  pois  quando  falamos  demais  é  porque  ouvimos  pouco.  Pessoas  que  falam  muito  tendem  a  errar  muito  e 
Tiago nos adverte sabiamente para revertermos este processo. Vejamos: 



2.1 “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem SEJA PRONTO PARA OUVIR...” Tg 1.19-a.  A expressão “seja pronto 


para ouvir” é uma bela maneira de traduzir a ideia de uma audição sábia e ativa. Não devemos simplesmente deixar de falar; 
devemos estar prontos e dispostos mais para ouvir. Deus não nos impede de falar, mas pede que o façamos de forma coerente e 
com sabedoria. “o que guarda sua boca conserva a sua alma, mas o que muito abre os lábios tem perturbação” (Pv 13.3). Já 
diz  o  adágio  popular: “Temos  dois  ouvidos  mas somente  uma  boca,  assim  podemos  ouvir  mais  e  falar  menos”.  Portanto, 
devemos ouvir duas vezes mais do que falar. Muitos de nós bem faríamos em esperar e ouvir mais, e falar menos (Sl 141.3; Pv 
10.19; Pv 13.3; Pv 17.28; Pv 29.20) (BARCLAY, sd, p. 66). Quanto ao uso da fala e o uso apropriado da linguagem, podemos 
ver  nos  seguintes  Salmos  (Sl  5.9;  12.2;  15.3;  17.3;  34.12;  35.28;  36.3;  39.9;  55.21;  64.4;  66.17;  73.9;  94.1;  101.5;  109.2; 
119.172; 120.3,4; 139.4 e 141.3).  O filósofo grego Xenócrates que viveu em 396 – 314 a.C e que acompanhou Platão dizia: 
“Tenho-me arrependido muitas vezes por ter falado, mas nunca por ter guardado silêncio” (CHAMPLIN, 2004, p. 2501). 
2.2 “...tardio para FALAR, tardio para se IRAR” Tg 1.19-b. O conselho de Tiago é que também deveríamos ser tardios para 
nos irarmos. Há uma conexão íntima entre o ouvir e o falar; também entre o falar e a ira. Aquele que ouve mais atentamente 
entende  melhor  o  seu  próximo;  entender  leva  a  um  falar  ponderado  e  a  uma  resposta  branda  que  “desvia  o  furor”  O  falar 
impensado,  por  outro  lado,  com  frequência  produz  a  palavra  pesada  que  “suscita  a  ira”  (Pv  15.1).  A  ira  é  um  profundo 
sentimento de ódio e rancor contra a outra pessoa. Uma vez descontrolada, ela não produz a justiça de Deus, mas uma justiça 
segundo o critério da pessoa que sofreu o dano: a vingança. Vejamos algumas verdades sobre este tema: 
2.2.1 Podemos dizer que há dois tipos de ira: a justa (Ef 4.26) e a injusta (Ef 4.31). “A única ira que o homem pode ter é uma 
ira  que  Cristo  sentiu”  (Mc  3.5).  Esse  tipo  de  ira  não  é  a  expressão  de  uma  petulância  particular,  mas  de  um  ressentimento 
público contra o comportamento e as ações que levam outros a sofrer sem culpa da pessoa irada” (HARPER, 2008, Vol. 10. pp. 
161-162). Em Efésios 4.26 o apóstolo Paulo também instrui sobre a ira que é dada no contexto de uma citação literal do Sl 4.4-
a: “Perturbai-vos  e  não  pequeis...” Com  essas  palavras  Paulo  lembra,  em  tom  de  exortação,  a  rápida  transição  da  ira  para  o 
pecado
2.2.2  A  Bíblia  não  diz  que  não  devemos  nos  irar,  mas  ela  mostra  que  é  importante  controlarmos  adequadamente  este 
sentimento: “irai-vos  e  NÃO  pequeis;  NÃO  se  ponha  o  sol  sobre  a  vossa  ira.  NÃO  deis  lugar  ao  diabo” (Ef  4.26,27).  É 
interessante notarmos que Paulo qualifica sua expressão permissiva ao sentirmos ira com três advérbios negativos, a saber: Irar 
sem pecar; não conservar a ira no coração e não dar lugar ao Diabo. De acordo com o livro de Deuteronômio, o pôr-do-sol é 
a  hora  em  que  todo  o  mal  contra  Deus  e  contra  os  outros  deve  ser  corrigido  (Dt  24.13,15).  Não  devemos  ceder  aos  nossos 
sentimentos de ira ou permitir que eles nos levem ao ódio. Jesus Cristo enfureceu-se com os mercadores no Templo, mas esta 
era uma ira justa, e por isso, não o levou a pecar (Mt 21.12,13; Mc 11.15,16; Lc 19.45-48).
2.3 “Porque a ira do HOMEM não opera a justiça de DEUS” Tg 1.20.  Esses dois elementos citados “ira do homem e justiça 
de  Deus”  estão  extremamente  distantes  um  do  outro.  A  ira  do  homem  pode  ser  justa  aos  seus  próprios  olhos,  mas  isso  não 
significa que ela é justa aos olhos de Deus. E um momento de indignação pode colocar muitas coisas a perder na vida de um 
cristão além de não garantir a bênção de Deus.  
2.4 “Por isso, rejeitando toda a imundícia e superfluidade de malícia, recebei com mansidão a palavra em vós enxertada, a 
qual pode salvar as vossas almas” Tg 1.21. Tiago convida a seus leitores a desprender-se de todo vicio e imundície. A palavra 
traduzida  como  “despojando-vos”  é  a  mesma  que  literalmente  significa  “despojar-se  das  roupas  que  se  está  usando”.  O 
apóstolo estimula a seus ouvintes para que se desprendam de toda imundície; assim como a pessoa se desprende de suas roupas 
sujas. As  duas  palavras  que  Tiago  usa  para  significar  imundície  são  vocábulos  muito  expressivos.  A  palavra  traduzida  como 
imundície é “ruparia” e  pode  ser  usada  para  significar  a  sujeira  que  mancha  as  roupas  ou  a  que  mancha  o  corpo.  Mas,  além 
disso,  uma  muito  interessante  particularidade.  Trata-se  de  um  derivado  do  vocábulo “rupos” que,  usado  em  sentido  médico, 
significa “cera no ouvido”. É possível que até aqui mantenha esse significado, de maneira que o escritor sacro estaria dizendo a 
seus leitores que se despojem de tudo o que possa enclausurar seus ouvidos à verdadeira Palavra de Deus (BARCLAY, sd, p. 
68 – grifo nosso).  
2.5  “E  sede  cumpridores  da  palavra,  e  não  somente  ouvintes,  enganando-vos  com  falsos  discursos”  Tg  1.22.  Tiago 
argumenta  que  olhar  para  a  Palavra  de  Deus  e  não  agir  de  acordo  com  o  que  está  escrito,  significa  que  encontramos    nas 
Escrituras não tem significado para nós. Se lemos e ouvimos a Palavra de Deus e não praticamos o que ela diz estamos dizendo 
que o que Deus falou não tem importância alguma para nossas vidas. Não pode haver incoerência entre o que se "diz" e o que 
se  "faz"  para  quem  é  discípulo  de  Jesus.  Tiago  nos  desafia  em  seu  escrito  a  sermos  praticantes  da  Palavra,  e  não  apenas 
ouvintes.  Primeiro  ouvimos o  discurso  e  depois  o  praticamos.  Não  é  razoável  ler,  estudar  e  ouvir  a  Palavra  de  Deus  se  não 
temos  o  objetivo  de  seguir  o  que  ela  nos  apresenta  (COELHO;  DANIEL,  2014,  pp.  64-65).  O  verdadeiro  crente  pratica  a 
Palavra (Tg 1.22-25). Não basta ouvir ou ler a Palavra, é preciso praticá-la. Não basta apenas o conhecimento da verdade, é 
necessário também a prática da verdade. Muitos crentes marcam sua Bíblia, mas a Bíblia não os marca. 
2.6 “Porque,  se  alguém  é  ouvinte  da  palavra,  e  não  cumpridor,  é  semelhante ao  homem  que  contempla  ao  espelho  o  seu 
rosto natural” Tg 1.23. A Palavra aqui é comparada não com a semente, mas com o espelho. O principal propósito do espelho 
é o autoexame. Quando olhamos para dentro da Palavra e compreendemos o que ela diz, conhecemos a  nós mesmos: nossos 
pecados, nossas necessidades, nossos deveres e suas recompensas. Ninguém olha no espelho e logo vai embora sem fazer uma 
autoanálise. Quando olhamos no espelho, descobrimos que tipo de pessoa somos e como estamos. Muitas pessoas leem a Bíblia 
todo dia, mas não são lidas por ela, não a observam. Muitos leem por um desencargo de consciência, mas não se afligem por 
não colocar sua mensagem em prática. 

III – ANALISANDO O TEXTO DE TIAGO: A RELIGIÃO PURA 
3.1  “A religião pura e imaculada para com Deus, o Pai, é esta: Visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações...” Tg 1. 
27-a. O cuidado pelos órfãos e as viúvas é uma ordem do AT como uma forma de imitar o cuidado do próprio Deus com estas 
pessoas, “pois  ele  é  o  pai  dos  órfãos  e  defensor das viúvas” (Sl  68.5;  Is  1.10-17). Já  nas  páginas  do  NT,  Jesus  condenou  de 
forma contundente os escribas e fariseus, que desrespeitavam as viúvas e as exploravam financeiramente (Mt 23.14; Lc 20.47). 
Isso  demonstra  o  zelo  e  o  cuidado  que  ele  tinha  por  esta  classe  tão  sofrida.  A  Bíblia  nos  mostra  que  devemos  honrar  as 
verdadeiras viúvas (ITm 5.3; At 6.1). O apóstolo Tiago nos informa que o cuidado com essas mulheres aparece na definição do 
que vem a ser a verdadeira religião (Tg 1.27). Os cristãos que professam uma religião pura irão imitar seu Pai, intervindo para 
ajudar os desamparados. 
3.2  “...e guardar-se da corrupção do mundo” Tg 1. 27-b. Além de visitar órfãos e viúvas nas suas necessidades, é preciso que 
nos  resguardemos  da  corrupção  do  mundo.  É  possível  que  uma  pessoa  corrupta  faça  atos  de  caridade  em  prol  dos  mais 
desassistidos. No entanto, aqueles que têm uma religião pura e imaculada se guardarão da corrupção do mundo. O guardar-se 
incontaminado  do  mundo  significa  evitar  que  pensemos  e  ajamos de  acordo  com  o  sistema  de  valores  da  sociedade  que  nos 
cerca. 

CONCLUSÃO  
  Nessa lição aprendemos sobre o cuidado que devemos ter com o ouvir e o falar. Estudamos também acerca da religião 
pura e imaculada que alegra a Deus: visitar os órfãos e as viúvas nas tribulações e guardarmo-nos da corrupção do mundo. Que 
os  nossos  ouvidos  estejam  prontos  para  ouvir,  a  nossa  língua  para  falar  sabiamente  e  a  nossa  vida  para  praticar  tudo  quanto 
aprendemos  do  Evangelho.  Embora  estejamos  em  um  mundo  turbulento,  devemos  exalar  o  bom  perfume  de  Cristo  por  onde 
quer que andemos (2Co 2.15).   
REFERÊNCIAS 
COELHO, A; DANIEL, S.Fé e Obras: Ensinos de Tiago para uma Vida Cristã Autêntica. CPAD. 
CHAMPLIN, R. N. Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Hagnos. 
BARCLAY, W. Comentário Biblico de Tiago. PDF 
STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal.  CPAD. 
TENNE, C. M. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. 
HARPER, A. F. Comentário Bíblico Beacon. Tiago. Vol. 10. CPAD. 

1 comentários:

Unknown disse...

muito bom, parabéns , o blog esta lindo varoa valorosa.

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