Igreja Evangélica Assembleia de Deus – Recife / PE
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LIÇÃO 06 – A VERDADEIRA FÉ NÃO FAZ ACEPÇÃO DE PESSOAS - 3º TRIM. 2014
(Tg 2.1-13)
INTRODUÇÃO
Nos primeiros séculos da era cristã, alguns cristãos estavam discriminando os pobres e honrando aqueles que
eram ricos. Por isso, o apóstolo Tiago abordou esse importante ensino em sua epístola. Nesta lição, veremos a definição
do termo acepção; analisaremos o ensino do apóstolo Tiago sobre este tema tão relevante e atual; e explicaremos porque
não devemos fazer acepção de pessoas.
I – DEFINIÇÃO DA PALAVRA
O termo acepção deriva-se do grego “prosõpolepteõ” e significa: “favorecer um indivíduo”, “mostrar
parcialidade” ou “fazer acepção de pessoas”. “Esta expressão significa demonstrar atenção especial, ou favoritismo, a
uma pessoa por causa da sua riqueza, roupas ou posição” (STAMPS, 1995, p. 1927). “A acepção de pessoas no Novo
Testamento significa uma parcialidade injusta; significa lisonjear, mostrar espírito servil ou prestar atenção especial a
alguém porque se trata de uma pessoa rica, influente, poderosa ou famosa” (BARCLAY, sd, p. 74). A Bíblia está repleta
de ensinos contra a acepção de pessoas, tanto no Antigo como no Novo Testamento, como veremos a seguir:
• Exortando os hebreus sobre a obediência aos mandamentos divinos, Moisés lembra ao povo que Deus não faz
acepção de pessoas e nem aceita recompensas (Dt 10.17);
• Nas leis acerca dos deveres dos juízes, Deus ordenou que eles não fizessem acepção de pessoas quando julgassem
as causas do povo (Dt 16.18,19);
• Deus não faz acepção de pessoas, nem estima o rico mais do que o pobre, pois todos são obras de suas mãos
(Jó 34.19; Pv 22.2);
• Depois da visão do lençol com os animais impuros, e da descida do Espírito Santo sobre os gentios na casa de
Cornélio, a lição que o apóstolo Pedro aprendeu foi que Deus não faz acepção de pessoas (At 10.34);
• Paulo estava convencido de que tanto judeus como gentios estavam igualmente debaixo do juízo divino, porque
para Deus não há diferença de pessoas, nem favoritismo (Rm 2.11);
• O apóstolo Pedro diz que Deus julga a cada um sem fazer acepção de pessoas (I Pe 1.17).
II – O ENSINO DE TIAGO SOBRE ACEPÇÃO DE PESSOAS
No capítulo dois de sua epístola, o apóstolo Tiago condena o favoritismo, em relação aos mais ricos; e a
discriminação, em relação aos pobres; prática comum na sociedade, que, aos poucos estava se infiltrando na igreja:
2.1 “Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de pessoas” (Tg 2.1).
Tiago ensina que a verdadeira fé também é conhecida pelo relacionamento imparcial com as pessoas, pois, o favoritismo
e a acepção de pessoas não são atitudes de um verdadeiro cristão. Todos que estão em Cristo são igualmente herdeiros da
graça da vida (I Pe 3.7); tendo todos uma só fé, um só Senhor, um só Espírito, um só Deus e uma só esperança (Ef 4.4-6).
Por isso, não deve haver distinção entre judeu e gentio, servo e livre, macho e fêmea, pois todos são um em Cristo Jesus
(Gl 3.26-28).
2.2 “Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum homem com anel de ouro no dedo, com vestes preciosas, e entrar
também algum pobre com sórdida vestimenta” (Tg 2.2). Agora o apóstolo cita uma ilustração para reforçar a ideia.
Durante um culto entra um homem rico com anéis de ouro no dedo e muito bem vestido; e depois, entra também um
homem pobre maltrapilho. Qual deve ser a atitude do cristão? Ambos devem ser tratados com imparcialidade? Claro que
sim! Mas, não era isso que estava ocorrendo na igreja, pois, o favoritismo, ou seja, a preferência por alguns em detrimento
de outros, estava se tornando cada vez mais comum. Por isso, o apóstolo adverte acerca desse pecado.
2.3 “E atentardes para o que traz a veste preciosa e lhe disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e disserdes
ao pobre: Tu, fica aí em pé ou assenta-te abaixo do meu estrado, porventura não fizestes distinção dentro de vós
mesmos e não vos fizestes juízes de maus pensamentos?” (Tg 2.3,4). Com essas palavras, Tiago condena o favoritismo.
Embora fosse comum as pessoas bem vestidas e de boa aparência terem um tratamento especial e serem mais bem
recepcionadas do que àquelas que são aparentemente pobres, esta atitude não deveria ocorrer entre o povo de Deus,
principalmente na igreja! Tiago condena esse comportamento por duas razões: primeiro, porque eles estavam fazendo
distinção entre eles mesmos; e, em segundo lugar, porque eles se tornaram juízes de maus pensamentos, ou seja, pessoas
que julgam equivocadamente, conforme a aparência (Jo 7.24).
2.4 “Ouvi, meus amados irmãos. Porventura, não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e
herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?” (Tg 2.5). O Senhor Jesus veio a este mundo para evangelizar os
pobres (Is 61.1; Lc 4.18). Ele mesmo disse: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus” (Lc
6.20). Por isso, Tiago diz que Deus escolheu os pobres deste mundo para serem ricos na fé e herdeiros do reino. Não que
um rico não possa ser salvo (I Tm 2.4; Tt 2.11); mas, os pobres e humildes de espírito são mais sensíveis ao chamado
divino para a salvação, e, consequentemente, mais acessíveis ao evangelho (Mt 5.3; 11.5; Lc 7.22; I Co 1.26; Mt 19.23).
Para o cristão, a verdadeira riqueza consiste na fé e no amor que se expressam na atitude de seguir ao Senhor (Sl
72.2,12,13; Lc 6.20; Ap 2.9). Por esta razão eles se tornam ricos na fé e herdeiros do reino!
2.5 “Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais?” (Tg 2.6).
Deus expressou claramente na Lei sobre o dever de cuidar dos pobres e necessitados (Êx 23.11; Lv 19.10; 23.22; Dt 15.4;
Sl 132.15) e que os ricos não poderiam obter qualquer favoritismo diante dos pobres (Êx 23.2,3,6 Dt 1.17; Pv 31.9). Mas,
nem sempre estas leis foram obedecidas e Deus advertiu o povo por intermédio dos profetas (Is 1.21-25; Jr 17.11;
Am 4.1-3; 5.11-13; Mq 2.1-5; Hc 2.6-8; Zc 7.8-14). Tal qual os profetas do AT, o apóstolo Tiago lembra que os pobres
estavam sendo desonrados pelos próprios irmãos, e que eles não deveriam esquecer que eram os ricos que os levavam aos
tribunais quando eles não podiam pagar suas dívidas e muitas vezes diminuíam o salário dos pobres (Tg 5.4-6).
2.6 “Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis pecado, e sois redarguidos pela lei como transgressores” (Tg 2.9).
Nesse texto, o apóstolo Tiago demonstra claramente que a acepção de pessoas deve ser evitada, pois é um pecado contra
Deus e contra o próximo (Jó 13.8,10; 32.21; Cl 3.25). Aquele que trata as pessoas com preconceito ou favoritismo está
transgredindo a lei de Deus (Lv 19.15; Dt 1.17; 16.19). Portanto, se queremos agradar a Deus, devemos tratar a todos sem
distinção.
III – PORQUE NÃO DEVEMOS FAZER ACEPÇÃO DE PESSOAS
Dentre as várias razões pelas quais não devemos tratar as pessoas com acepção, citaremos algumas:
3.1 Deus não faz acepção de pessoas. Diversos textos da Bíblia mostram que Deus não faz acepção de pessoas
(Dt 10.17; II Cr 19.7; Jó 34.19; At 10.34; Rm 2.11; Ef 6.9), pois ele não olha para a aparência das pessoas, mas para o
coração (I Sm 16.7). Ora, se Deus não trata as pessoas como indiferença, pois ele ama a todos, independente de cor, sexo
ou classe social (Jo 3.16; Rm 5.8); nós, como seus filhos, também não devemos tratar as pessoas com dois pesos e duas
medidas, ou seja, honrando uns e desprezando outros (Dt 16.19; Jó 13.8);
3.2 Jesus nunca fez acepção de pessoas. Durante o seu ministério terreno, o Senhor Jesus chamou Levi, que era um
publicano para ser seu discípulo, e foi até a casa dele (Mt 9.9-13); entrou na casa de Zaqueu para hospedar-se em sua
casa, que também era coletor de impostos, e, consequentemente, odiado pelos judeus (Lc 19.1-10); Ele evangelizou
mulheres pecadoras (Jo 8.1-11), inclusive uma samaritana (Jo 4.1-30; 8.1-11) para demonstrar que ele veio desfazer todas
as barreiras sociais e culturais, e que ele não trata as pessoas com indiferença ou favoritismo (Mt 22.16; Mc 12.14; Lc
20.21). Jesus ensinou que não devemos julgar as pessoas pela aparência, e sim, pela reta justiça (Jo 7.24).
3.3 A acepção de pessoas é uma atitude contrária à lei do amor. Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a nós mesmos são os dois maiores mandamentos na Lei (Mt 22.34-40; Mc 12.28-34; Lc 10.25-27). Quando o
doutor da Lei perguntou a Jesus: “quem é o meu próximo”, Jesus contou-lhe então a Parábola do Bom Samaritano,
demonstrando que o verdadeiro amor não faz acepção de pessoas; pois, o homem que havia sido assaltado e espancado
não foi ajudado pelo sacerdote e nem pelo levita, mas, foi socorrido por um samaritano, que não olhou para sua
nacionalidade (Lc 10.25-37). Por isso, devemos amar a todos (Gl 6.10; I Ts 3.12), inclusive nossos inimigos (Mt 5.44; Lc
6.27,35). “O amor não faz mal ao próximo. De sorte que o cumprimento da lei é o amor” (Rm 13.10).
CONCLUSÃO
Uma vez que Deus não faz acepção de pessoas, a igreja também não deve agir com imparcialidade ou
favoritismo. Os ricos não devem ser mais honrados do que os pobres, simplesmente por possuírem mais bens ou por
fazerem parte de uma classe mais elevada. Como servos de Deus e imitadores de Cristo, devemos honrar a todos,
independente de cor, sexo, raça ou posição social.
REFERÊNCIAS
• ADEYMO, Tokunboh. Comentário Bíblico Africano. MUNDO CRISTÃO.
• ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal. CPAD.
• BARCLAY, William. Comentário do Novo Testamento. PDF.
• CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. HAGNOS.
• COELHO, Alexandre; DANIEL, Silas. Fé & Obras. CPAD.
• STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.